quarta-feira, outubro 26, 2011

Perto do lago Nam Van...

o caminho para o coração, perdido, encurtou-se em demasia. perco a fala enquanto me morreram os sentimentos e a loucura. mordi os lábios e quebrei recordações. temi. é uma tristeza que me assiste enquanto perco forças nas pernas ao fugir. faltou-me apenas gritar rente à memória e traduzir o gesto desenfreado que me dirigiste.

Macau, 26 de Outubro de 2011

terça-feira, outubro 25, 2011

a queda

vi a tua imagem no horizonte. fui feliz. abri o destino, naquela praia, enquanto me caíram os braços e as pernas, enfraquecidos. interrompeste o momento e arrumaste o meu corpo. só isso. na memória não mais passou, antecipado, o teu corpo nú. esqueci-o. foste o abrigo que abracei e foste silêncio. caí e voltei a cair. perdi a razão no mundo que te pertence.

Macau, 24 de Outubro de 2011

segunda-feira, outubro 24, 2011

Fel

Este é o último poema que escrevo.
Escrevi tantos que me sinto inútil neste amor.
Com o passar do tempo provei o fel da tua distância.
Chorei a tua ausência fechado num quarto vazio,
onde só o som do silêncio eu conseguia ouvir.
As paredes pareciam querer cair em cima de mim.
Enterraram-me a alma, vazia, no chão daquele quarto.

Macau, 24 de Outubro de 2011

sábado, outubro 15, 2011

Escrevo para o lixo

Surge o equívoco. Demorei uma fracção de segundo a rasgar a poesia que escrevi. Não quero que a leias; não desta forma. Inúteis foram os malabarismos que fiz com a caneta na minha mão. Os teus olhos não compreenderiam como joguei com as palavras. Só assim se explica que escreva apenas para o lixo, e gaste segundos da vida a rasgar. A rasgar as palavras e a pele, perdido na presença da tua ausência.

Macau, 15 de Outubro de 2011

quinta-feira, outubro 13, 2011

Psique

Não te atropelo com desejos vãos.
Pensamentos fúteis que surgem,
por vezes no tempo,
quando estamos perdidos na psique.
O meu princípio de vida é outro,
rebuscado na minha poesia.
Enquanto te vou tolerando a falta de rumo,
a alma do corpo preenche-me.

Macau, 13 de Outubro de 2011

sexta-feira, outubro 07, 2011

Aquele abraço

Abraça-me. Envolve o meu corpo na ternura dos teus sonhos, enquanto ainda gosto de ti. Engole-o esta e mais outra vez, sempre correndo contra o tempo. Quero ser assim, abraçado, nesta correria da vida.

Macau, 7 de Outubro de 2011

quarta-feira, outubro 05, 2011

Nada

Amo-te
mas já não me iludo com a mentira que me queres contar,
ou até mesmo a falta dela.
Resguardo-me na consciência e na verdade.
Enquanto escrevi a poesia
perdi a esperança de que crescesses.
Que fosses mais mulher.
Mas és apenas tu e
não chega o dia atrás do outro.
Dias sem fim em que sorrimos lado a lado
contemplando o nada como se tudo fosse.

Macau, 5 de Outubro de 2011

quarta-feira, setembro 21, 2011

poesia leviana

já não há mais tu e eu. nunca houve.
acabámos quando, na cama, li o teu corpo numa poesia leviana.

Macau, 22 de Setembro de 2011

As horas

As horas passaram sem te ver.
Foram manhãs, tardes e noites
sem o sabor da tua boca
nem o rasgo ténue do teu sorriso que,
de soslaio, me alimentou o silêncio das horas vazias
na plenitude da lembrança.

Macau, 22 de Setembro de 2011

sábado, setembro 17, 2011

Morto

Estou morto. Moribundo neste sonho onde a noite me matou aos poucos. Pedi para me enterrares mas tu fugiste. Agora percebi que só eu me posso enterrar. Deixo-me levar pela penumbra. Nela procuro a sombra para me esconder. Hoje preciso ser recluso. Com a tua permissão, amanhã viverei outra vez.

Macau, 17 de Setembro de 2011

domingo, setembro 11, 2011

Tempo

Perguntei ao tempo se me levaria contigo para longe mas o tempo foge-me pelas mãos...

Macau, 11 de Setembro de 2011

quarta-feira, agosto 24, 2011

dor

dói-me a tua ausência. choro-a na escuridão da noite, entre um sono e outro. chego a ter medo e fujo para me esquecer que não estás aqui. abro os meus olhos e vejo o vazio. o coração pedia-te naquele momento, como pede agora e depois. o que chorei guardei no silêncio da minha cama. há uma poeira que me cala a boca. fecho os olhos. nesse momento escrevi poesia porque a noite me começava, também ela, a fugir por entre os dedos. nenhuma frase, nenhuma palavra. só o teu corpo nú se apoderou de mim. fiquei, ali, abraçado a ele e a desenhá-lo na ausência. não mais fugi.

Lisboa, 24 de Agosto de 2011

sábado, agosto 06, 2011

a tua face

recordo a tua face.
passo a minha mão na lembrança recortando-a.
em todos os instantes me lembras saudade,
perdida no tempo destes dias em que
não escolhi estar sozinho.
na ponta dos dedos sinto os teus lábios.
a falta que me faz um beijo teu,
tolhe o meu pensamento e forma clara de te abraçar.
abre a porta para eu entrar de mansinho.
quero deitar-me junto a ti.
não me vires a face.
com ela quero acordar
na manhã seguinte e sorrir.

Macau, 6 de Agosto de 2011

quinta-feira, julho 07, 2011

enclausurado

revelei-me precipitado.
a porta estava aberta ao mistério do coração.
amontoei os pedaços do meu corpo, vazio,
junto com o silêncio da noite.
senti-me enclausurado, perdido,
evocando na escuridão a tua boca.
nela quero morrer enquanto o vento leva os versos do poema.

Macau, 7 de Julho de 2011

quarta-feira, julho 06, 2011

pátio da prosperidade

escrevo poemas fugindo, como tu,
deste engano vazio e hábil que te faz chorar.
faltou-me gritar o silêncio triste da tua ausência,
nas horas gastas na lentidão da noite.
lancei o meu corpo, sombreado no chão,
ao lado daquela parede inacabada do pátio da prosperidade.

Macau, 6 de Julho de 2011

quarta-feira, junho 29, 2011

Oceano

A música é apenas para te sentares na areia da praia e
veres a imensidão desse mar que te rodeia...
Perde-te no horizonte e fecha os olhos.
Sentes a harmonia?
Nesse oceano está a gota derramada pela minha saudade.
O pensamento vai e vem, enquanto te penso longe.
Abraça-me na espuma da água,
porque aí estarei, tocando-te na face e guardando o teu sono.
Contempla o pôr e o nascer do sol, ouvindo os pássaros
que trazem notícias da cidade, cinzenta,
sedenta da cor da tua presença e do teu sorriso.
Ouve esta música, composta para os momentos
em que estás longe mas comigo, em ti, e no ter regaço.

Macau, 29 de Junho de 2011

domingo, junho 19, 2011

3.º livro na calha

Brevemente, novidades...

domingo, junho 12, 2011

5000 visitas

Obrigado a quem me lê...

sábado, junho 11, 2011

Fio de cabelo

Escondi-me no teu cabelo enquanto li a poesia. Ouvi o rasgar da pele na ponta da minha caneta. Demorei. Em alguns minutos engoli o meu corpo e vesti, tolhido, a minha alma com a roupa amorfa do fim do dia. No teu cabelo perco a inocência. A coerência igualmente. Escrevo, despido, o tempo que parou e não passa. Não resolve o mofo das coisas nem, tão pouco, remove a hora e a caneta da minha mão. Tão macio o teu cabelo...

Macau, 11 de Junho de 2011

segunda-feira, maio 30, 2011

ténue brisa

se soubesses e me sentisses em ti
farias o mundo ruir na próxima hora.
acordarias a cidade num grito de libertação e
as pessoas paravam à tua passagem.
destruías paredes que te deixam presa e
amordaçada no tempo perdido.
estou no fim da avenida que percorres.
para que tudo seja mais fácil, acena e sorri à ténue brisa que passa.
já te consigo ver.
vens envolta na magia das palavras e
eu começo agora a escrevê-las!

Macau, 30 de Maio de 2011

sábado, maio 21, 2011

dias perdidos

soltei um abraço enquanto sorriste.
nesse momento tive a dúvida da tua presença.
já não tenho certezas quando me vejo só e
a tua fotografia não me tira o mofo da alma.
sugeri segredos no passado que
agora escrevo nestas linhas para revelar a solidão.
mesmo de mãos dadas
sinto a melancolia da música de dias perdidos.
neste papel quero pontuar as frases inacabadas e
o soluço constante de uma vontade incerta.
por onde andas?
perdeste-me nos dias e
eu nada fiz senão ouvir o teu silêncio.

Macau, 22 de Maio de 2011

domingo, maio 01, 2011

Gasto

Olhei o espelho.
Nenhuma admiração, estou velho.
Reparei nos cabelos brancos ou nos outros que caem,
por entre os dedos, enquanto me lamento.
Ainda ontem tinha menos um dia.
Hoje sinto-me acabado, gasto e preso
numa corrente de equívocos que não sei decifrar.
Passo os dedos pela face.
Descubro a agrura da pele seca e da barba por fazer.
Desleixo ou simplesmente medo pelo amanhã?
Gastei-me de tanto me ver.
Virei a face.
Responde-me espelho, estarei velho?

Macau, 1 de Maio de 2011

sábado, abril 30, 2011

A noite

A noite cai aos pedaços nesta cidade.
Sugiro que leias este poema.
Para ti escrevo depois de olhar o céu.
Cheirei a tua almofada para me erguer,
ainda à pouco, antes de sair.
Precisei de sentir o teu cabelo na minha face.
Na respiração profunda encontrei o teu odor e
desenhei, na mente, o teu sorriso.
Estes pedaços de noite caem, pesados, em mim.
Agora só me resta abraçar-te no próximo instante.
Deixei a almofada para trás e só te quero a ti,
nesta noite que me envolve as mãos.
Só ela me obrigaria a escrever este poema.
Ela e tu... ao meu lado enquanto caminho.

Macau, 30 de Abril de 2011

segunda-feira, março 07, 2011

imaginário

não fales mais essas palavras
presas na tua boca e
gastas pelo tempo que passa.
não brinques com o amor,
quando estou envolto no teu sorriso.
nele resolvo a minha tristeza.
levo comigo esse sorriso
pela rua da solidão onde me perco,
longe, na calçada sem fim.
sorri. sorri sempre quando estiver aí,
a contemplar o teu corpo que, agora,
só possuo no meu imaginário.

Macau, 7 de Março de 2011

terça-feira, fevereiro 15, 2011

noite triste e húmida

nada te digo que não seja verdade. quero que saibas que tenho frio. tu bem sabes que é difícil ter frio mas estou deitado, sozinho, abandonado nesta insónia. o barulho da chuva prende-te no meu pensamento. confunde-me a tua ausência física e a metamorfose a que te constantemente te confinas. é tarde em Macau e, de soslaio, a hora que passa não me deixa dormir. estás em mim como estas gotas que tilintam nos telhados e ali ficam, perdidas no algeroz deste prédio velho onde moro. a cidade apresenta-se despida, sem nada que a mantenha de pé. triste, negra, molhada. Inibida de nós, subtraída dos demais. é tarde, muito tarde, em Macau. neste cantinho vesti-me de duende e escolhi o sono que teima em chegar a esta floresta húmida e fria. prendes-me! fico tão agarrado a mim que não consigo escorrer-me por dentro. que a chuva me limpe, enfim, sem te levar não muito longe. quero apenas dormir. até amanhã

Macau, 14 de Fevereiro de 2011

segunda-feira, fevereiro 14, 2011

o frio nos teus seios

lembrei-me da tua cara e desse olhar desconfiado. rasga a tua vergonha como eu rasguei um dia a tua camisola. notei logo a volúpia do teu peito. tens facilidade em ficar com os mamilos tesos nesses teus seios redondos e firmes. foram desenhados a preceito, te garanto. agora me lembro de como gosto desses mamilos rijos onde me degustei por vezes sem conta. manda-me uma fotografia. quero vê-los novamente. por agora só me perco neles à distância

Macau, 14 de Fevereiro de 2011

terça-feira, fevereiro 01, 2011

sóbrio

estou sóbrio.
já não bebo há dois minutos.
as minhas veias revoltam-se
pela falta que lhes faz o teu licor.
desse destilado sou um dependente eterno.
afinal prefiro ficar bêbado,
arrastando o pensamento nesta escrita
que pede mais de ti e
do teu líquido mágico.
ainda não descobri o porquê,
mas o álcool que me dás inebria-me
a existência neste papel onde escrevi,
vezes sem conta,
um poema gasto e volátil.
Ai como sinto o sangue a fervilhar
na loucura desta bebedeira,
e mais outra.
rasurei...

31 de Janeiro de 2011

segunda-feira, janeiro 24, 2011

fumo

fumo,
sozinho...

perdido nesta noite
que me engole a alma,
fumo um cigarro e
olho este fumo que
desenha o teu corpo.

por entre os dedos sinto
as curvas desse corpo nú,
deitado aqui na minha lembrança.

sou mais completo
quando te tenho,
mesmo à distância,
na imaginação que o fumo
deste cigarro me provoca.

Macau, 19 de Janeiro de 2011

quinta-feira, janeiro 06, 2011

ao ouvido

se vieres comigo
prometo mostrar-te a lua
nas minha mãos.
seguiremos por ela
no caminho das estrelas
e, nessa altura,
dir-te-ei ao ouvido
que te amo com a
plenitude de existir.

Macau, 6 de Janeiro de 2011

quarta-feira, janeiro 05, 2011

instante em mim

neste instante em mim
procuro o teu olhar despido
com a cor do céu e do mar
no horizonte que me rege.
sou mais eu contigo e
com esse olhar que me vicia a libido.
do teu olhar bebo
a secura da minha sede e
com ele me deito, todos os dias,
quando a noite já vai longa e
teima não fechar os meus olhos.

Macau, 30 de Dezembro de 2010