terça-feira, março 31, 2009

És do meu céu

E porque o céu se reflecte
Nas águas deste rio,
Te acolho em mim e suspiro.
Podes sentir o meu querer.
Serás a eternidade e o azul
Do céu que se deixa espelhar.
És do meu céu!
Em ti, pássaros esvoaçam e vão.
Pairam loucuras na brisa que me seduz.
Vem céu, que cais sobre mim.
Envolve-me o corpo em ar fresco
E sopra ao meu ouvido palavras francas.
És do meu céu!
És, eu sei.
O que me apetece agora é subir às nuvens.
Contigo sei que posso.
Quero voar e querer sonhar.
Calo-me!
Agora, quero sonhar.
Quero mesmo.
És do meu céu,
Eu sei.

31 de Março de 2009

sexta-feira, março 27, 2009

A Minha Lua

Na noite gélida consigo lembrar,
Olhando para a Lua e te amar.
Como quem entra na dimensão,
Directamente ao coração.
Aquece-me, chama divinal!
Isto é teu, o teu recital.
A luz chegou. Vem de cima,
Daquele céu negro perdido na noite.
Tu vens e existes.
Sem ti não existe nexo.
Vejo a Lua, vejo a ti.
Que bom, felicidade, sinto ternura.
Apenas existimos aqui,
Nesta noite fria.
Amas-me?
Responde-me, enquanto te contemplo, luz!
E porque és a minha luz, vem depressa, meu amor.
Comprova, verdadeiro, a luz a tempo inteiro.
Sintonia breve de nós dois e me acolhes.

15 de Março de 2001 (revisto em Março de 2009)

quinta-feira, março 26, 2009

Ode a Ti

Por entre a imensidão de campos verdejantes,
Te trouxe comigo.
Ao longe avisto as montanhas
No contacto directo com os céus.
Os céus que me trazem a esperança, a felicidade.
Sentes o toque macio da brisa que nos envolve?
Que belo este quadro pintado de leveza.
És a cor da minha vida, o meu sonho.
Possuís a minha alma e a envolves em carícias.
A tua mão aveludada, percorre o meu corpo nú.
Olho-te fixamente como quem olha a montanha.
Quero subir ao seu topo como em ti.
A Natureza está em ti, luz avassaladora.
Tens o dom de me reter.
Nestes campos verdejantes, de cheiro a terra quente,
Espero o ósculo que te pedi no outro dia, e há-de vir.
No sossego deste lugar sinto um frenesim.
Frenesim por ti!
Ai a sintonia dos sons, dos pássaros a falar, das plantas a ouvir,
Do sol que me aquece, e tu me ocorres de novo.
Conta comigo como a abelha conta com a flor para sobreviver.
Só a ti devo isto. Esta ode!
Abro os braços para te apanhar, mesmo estando longe.
Quero-te!
A minha alma, o meu coração, a minha boca, os meus olhos,
Em uníssono, chamam por ti!

15 de Fevereiro de 2001 (revisto em Março de 2009)

quarta-feira, março 25, 2009

Verdadeiro Amor

Sinto que és a pessoa ideal.
Que me envolves, momento após momento.
Sei que és tu quem me faz feliz.
Porque és como és... sensível. Tão linda!
Vejo-te! Vens a correr.
Abraças-me com força,
Sentindo os corações, em um, a bater
Num misto de prazer e alegria.
Escuto-te, que me chamas.
Eu vou. Aninhar-me a teu lado.
Gosto de sentir as tuas mãos em mim.
Os teus beijos quentes,
Que lembram sabores nunca provados.
Cheiro-te! És tu,
E emanas esse perfume.
A tua pele macia e suave,
Amaciada com o meu sentimento,
Me faz dever este momento, esta felicidade.
O meu coração bate por ti.
A minha razão pensa em ti.
Os meus olhos olham por ti.
A minha boca chama por ti.
E suspiro, ainda, por ti.
O verdadeiro amor brota de mim.
De ti.
De nós!

13 de Janeiro de 2001

terça-feira, março 24, 2009

Supostamente, sou e vejo

Vejo que sou aquilo que não sou.
Se serei mais do que isso não vejo.
Pois nem sou e nem vejo.
Pelo que vejo, serei.
Alto!
Subitamente, sou.
Aquilo que vejo não sei se ensejo,
Porém, se sou e vejo,
Do medo revejo o que não sou,
Certezas de ser e de ver,
Que, por agora, aqui estou.

20 de Março de 2009

segunda-feira, março 23, 2009

Vem depressa

Vem!
Vem depressa, meu amor.
Vem abraçar este leito,
Sedento de amor.
Busco em ti, formosa e linda face,
E sorris assim.
Meu amparo, meu sossego.
A ti devo a clareza dos sentidos.
Envolve-me!
Lubrifica a minha alma.
Traduz em gestos finos,
Toda a sensibilidade e vem,
Vem depressa, meu amor.
Vem para junto do meu pranto
E sossegar-me de vez.
Beija-me a boca e sorri!

9 de Maio de 2001

domingo, março 22, 2009

Encontrei e vi!

Encontrei.
Finalmente, encontrei.
Traduzi em ti a vontade de amar.
Em ti coloquei a Luz de forma a uivar,
Para que me ouças além da razão.
Disposto a fundir-me em teu coração.

Encontrei.
Finalmente, encontrei.
A forma mais bela de te possuir,
De te amar, agarrar e sorrir,
Dispondo os lábios em forma única,
E beijar.

Encontrei.
Finalmente, encontrei.
Alguém com amor para dar.
Sempre e em toda a vida te vou amar.
Trazes contigo aquele amuleto?
É ele que transforma lamento em esperança.

E vi.
Finalmente, vi.
Contigo tudo seria diferente.
Do culto do sentimento até à introspecção da mente.
Desde aquele momento.
Eu senti, aqui estás tu, acabou o sentimento.

E vi.
Finalmente, vi.
Perdido deixei de estar. Agora é diferente.
De extrema confusão, passou a vida luzente.
Com um sorriso, desenhado na boca,
Agora sou feliz.

E vi.
Finalmente, vi.
Encontrei a totalidade em ti.
A pessoa mais bela que conheci.
Amar-te, alma divina,
Sempre e finalmente.

27 de Maio de 2001

sábado, março 21, 2009

Resumo

Desde aquele primeiro dia
Te vi perto de mim,
Sonhei que talvez podia,
Amar-te sempre, sem ter fim.

Depois de alguma reticência
O sonho tornou realidade
E vivendo da consciência
Te vou respeitar na totalidade.

Podendo aqui e ali,
Buscar alguma sensatez,
Sagrado dia em que te vi.
Logo ali, o teu olhar me satisfez.

E vivendo dia após dia
Sei que posso contar contigo.
Juro! Alguma vez me envolveria,
Se a confiança não estivesse comigo.

A nossa história
É aquela que construirmos.
Apenas me vem à memória
Bons momentos que possuímos.

E não fosse estar mergulhado
Neste mar de felicidade,
Jamais ficarei triste ou magoado
Enquanto te disser a verdade.

Acredita em mim, faz-me esse favor.
Especial continuas a ser
E na memória, meu amor,
Vou guardar-te até morrer!

11 de Março de 1999

sexta-feira, março 20, 2009

Tão perto, tão longe, tão perto!

Tão perto, tão longe, tão perto!
Que vaivém de constante rotina
Ao andarmos neste deserto
Cheio de confusão, será esta a minha sina?

Espero solução de momento.
Só lembro tudo o que passámos.
Diz-me! Porquê este lamento?
Ainda ontem nos amávamos.

E agora, como vai ser?
Toda a minha vida, daqui para a frente.
Quero te continuar a ver.
Por favor! O coração ainda sente.

Ao longo deste tempo maravilhoso,
O teu discurso foi mudando devagar,
Desde o amo-te ardente, até ao momento doloroso,
E agora nem um olhar!

Porque mudaste de repente?
Já não tens tempo ou vontade de me amar?
Responde francamente,
Para a mágoa passar, passar.

25 de Maio de 1999

quinta-feira, março 19, 2009

Alma Coerente

Jamais, pela cabeça, me passaria
Te perder neste instante
E ter a noção que dia após dia,
O meu amor por ti é radiante!

Pela alegria e felicidade, me sigo,
Entregue a este momento.
Com certeza te digo:
- Não quero pensar em sofrimento.

Sinto vontade de te beijar,
Possuir, levar ou sentir.
Quero continuar a amar
Sem da realidade fugir.

Podendo, no pensamento, me perder
Que para poder ser, no amor, inteligente
Tenho de continuar a ser
A mesma alma coerente!

30 de Março de 1999

quarta-feira, março 18, 2009

Oportunistas

A vida é assim...
Um dia ganhamos, outro perdemos.
Ganhamos por nós, perdemos por nós.
Mas também perdemos por eles,
Que andam neste mundo
À espera da nossa fraqueza, da nossa carência.
Sempre prontos a desintegrar a nossa felicidade, as nossas ilusões.
São uns oportunistas!
Aparecem não sabemos de onde e, por vezes, estão perto de mais.
Acabam com aquilo que possa ter uma réstia de esperança,
Denotando uma força imbuída de razão e sensatez.
Nada!
São falsidade patente em rostos,
Degradados no âmago, desinteressantes;
Ao mesmo tempo uma constante imagem jovial, tímida e sincera.
Eles estão presentes na minha vida.
Talvez voltem. Mas não vou desistir de denunciá-los.
Nunca!
Seres oportunistas, seres repugnantes...
Sem nenhuma certeza,
Senão a de aproveitar a minha, a tua, a nossa fraqueza.

4 de Janeiro de 2003 (revisto em Fevereiro de 2008)

terça-feira, março 17, 2009

No jardim

No jardim, consigo lembrar
Daquela noite eterna e te amar.
Dos teus cabelos ao vento
Espalhando sentimento.

Do teu sorriso, largando alegria.
Ficavas comigo, ali, até ser dia.
E eu olhando sem fim,
Admirando-te assim.

Consigo lembrar, igualmente,
Do teu toque em mim, inconsciente.
Mergulhado na sedução,
E tu... dás-me a mão.

Apelas ao meu coração.
Sem ti, jamais existirão
Estas noites de mútuo prazer,
Gozando ao máximo. Que mais posso dizer?

Lembro ainda, ao amanhecer
Os dois juntos, abraçados sem querer.
Ou ainda aquele beijo.
Mas agora mal te vejo.

O que está a acontecer?
Será que te estou a perder?
Sinto a tua falta.
O tempo é longo. Jamais salta.

Mas vou aguentando devagar,
Com compreensão continuando a amar.
Que saudades daqueles momentos
Em que percorria o teu corpo, sem lamentos.

E no jardim, vou recordando
Vida passada entretanto.
Lembrando que a verdade está aqui,
Meu amor, preciso tanto de ti!

18 de Maio de 1999

segunda-feira, março 16, 2009

Voar é ser poeta

(dedicado ao poeta António MR Martins)

Ser poeta é poder voar.
Brincar com as palavras entre as nuvens.
Suspirar o ar por entre quimeras.
É libertar o nosso âmago.
Sentir forte os nossos medos.
As nossas alegrias, igualmente.

Ser poeta é poder voar.
Chilrear sonetos como quem lê partituras.
Sentir a brisa por entre as penas.
Soltar amarras de loucuras intensas.
Chorar prisões em gaiolas falsas.
Pendurar alegrias na mais alta estrela.

Ser poeta é poder voar.
Levar o pensamento para bem longe.
Criar pontes em novas culturas.
Dissimular existências a todo o momento.
Ser actor de nós mesmos.
Representar vivências, credos e lamentos.

Ser poeta, enfim, é poder voar.
Voar para voltarmos a ser nós.
Aqui ou no céu mais sagrado da terra.
No meu pensamento.
Vislumbro.
Acredito.
Voar é ser poeta!

16 de Março de 2009

domingo, março 15, 2009

Paranóia

Saio.
Dou comigo na loucura da vida.
Surge em mim, angustiante,
A vontade de ir,
Correr o dia, começar o amanhã.
Os carros em frenesim, vão e vêm.
Sem sentido, sem destino.
Desenfreados, soltando rugidos,
Guiados por dependentes de stress,
Dependentes da vida, em si, enfim.
E cá estou,
No meio desta gente.
Amálgama de credos e verdades.
Sem nexo, por vezes, admito
Mas seguindo o rumo,
Cavalgando no tempo
Como cavaleiro lutando,
A curar meus medos, minhas angústias.
Vencendo!
Que paranóia esta que me assola.
Humanos inconsequentes,
Que buscamos que nunca tivemos
Mas que jamais iremos alcançar.
Somos homens e mulheres
Na luta constante da rotina,
Tentando singrar, lutando... lutando!
Porquê?
Para quê?
Que condição humana é esta?
Diz-me vida!
Que condição é esta?
Que estamos entregues selvaticamente,
De manhã à noite,
Sem respeito...
À noite, bem tarde, já em parte liberto,
Me deito, consciente
De que amanhã será diferente.
Não!
Puro engano...
Que paranóia esta!
Acreditar sem ter fé
Nesta condição perdida,
Nesta vida selvagem.
Aqui e ali.
Em todo o lado, eu e tu,
Atropelados sem sentido.
Que paranóia!

5 de Dezembro de 2001

sexta-feira, março 13, 2009

Não Existes

1

Vou esquecer
De gritar por ti
E, tão pouco, lembrar
Que existes e te perdes
Nesta floresta de equívocos.
Toma por certo
O meu pensamento.
Acredita no que regurgito.
Represento, cegamente,
A tua salvação
E a forma de como,
Em última circunstância,
Encaras o teu eu.


2

Corre loucamente
Na direcção do infinito, e
Sementes de insconsciência
Saltam de ti.
A tua amplitude é diminuta
E, nem de soslaio,
Vislumbro o teu olhar.
Jamais a neblina te trará o esquecimento
E, consequentemente,
A aurora te dará esperança.
Simplesmente esquece
Que a minha existência
Te domina a razão.


3

Não quero recordar
Aquele dia, na minha casa,
Onde me encontraste
Despido, cheio de ilusões.
Afinal tu, a maior
De todas as que me
Assolam a razão.
Sentindo a água fervilhar,
Saída das entranhas,
Traduz o desespero
Das minhas causas,
Que sem me aperceber
Vãs se tornaram.


4

Dedica-te à sapiência
De leituras inexactas,
Próprias do teu sistema,
Onde os teus caracteres, na definição,
Não se coadunam com os meus;
Daí este confronto, onde
O teu eu não complementa o meu.
Agora percebo o porquê
De nunca teres falado
A minha língua, nem sequer,
A facilidade de traduzir,
Em gestos suaves, toda
A tua sensibilidade.


5

Tornaste a vir,
Mas não quero;
Não me apetece esse desgosto,
Muito menos o teu cheiro.
Prefiro metamorfosear-me frasco
E envolver uma nova essência.
Não a tua, gasta e supérflua.
Colocarei um novo rótulo,
Dando a conhecer
A nova esperança,
A verdade odorante
De um novo perfume,
Do qual já não fazes parte.


6

Nem lugar tem na minha estante,
O depósito legal do teu livro.
Passou de validade, e
Apenas perdura no
Âmago da mais ténue recordação.
Li e reli as palavras
Que um dia lembrei de acreditar.
Sujaram a minha consciência,
Tornando-a inócua e inibida.
Jamais, na integra, voltarei
A sensibilizar a tua atenção em causas minhas.
Ficarei, agora, inerte
Ao teu iníquo apelo.


7

Não serei o mesmo ingénuo.
Inferir em ti, seria,
Agora, infrutífero.
Carpturar a tua alma
Não está nos meus desígnios.
Ah! Como desejarias
Que vestisse o meu hábito
E atendesse às tuas preces.
Não! Chega de lamento.
Desta vez não irei ao casino.
Não será a roleta a desenhar o meu destino.
Não serás a dama do meu jogo.
Não te pedirei para dançar.


8

A melodia é diferente.
Agora mais grave, outrora muito suave.
O que cantas não se ouve;
Nem o teu som sai, ruidosamente,
Daquela velha grafonola.
Não és vinil. CD nunca serás.
Para sempre analógica...
A qualidade alheia-se de ti.
Nem que graves de novo,
Comprarei a tua música.
Afinal, nunca foste novidade.
Adquiri-te em saldos e, certamente,
Com defeito de fabrico.


9

Porque nunca gostaste das flores?
Daquelas que te ofereci
Enfeitadas com o luar
E o calor do sol ao mesmo tempo.
Certamente nem as cheiraste.
Viste-as, ao menos?
Reparaste na silhueta
Que desenhei nos grãos de pólen?
Representava a volúpia dos teus seios.
Como me ignoraste!
Nem isso viste.
Não mereces que escreva
E discorra sobre ti.


10

Tornaste menos que zero
Na matemática dos sentidos.
Nem na mais simples soma
Te consigo inserir.
O resto que sobra
Não chega para te complementar, e
O terço não serve para contar.
Talvez te liberte, se acreditares.
Deus não te mostrou o caminho.
Apenas tu o podes descobrir.
Aclama para ti.
Caminharás sem medo.
Eu duvido!


11

O espelho reluzente
Já não reflecte a tua imagem.
A tua beleza deixou de ser efectiva,
Nem tão pouco anseio a tua pele.
Não quero o teu sexo!
A tua consistência,
Feita de papel velho de jornal,
Sujou as minhas mãos
Ao tentar pegar-lhe.
Perdi as chaves que
Acedem ao teu cofre e, assim,
A saliva da tua boca que
Possuía ao beijar-te.


12

O guarda-roupa vazio se encontra.
Lá já não moram as tuas velhas roupas
Que, com o tempo,
As traças foram consumindo.
Como vês,
Nem os bichos mediaram o nosso instinto,
Que, por vezes, mais selvagem seria
Do que o habitat próprio
A que estavam sujeitos.
Mas ainda subsiste aquele trapo,
Velho, é certo, e sujo
Que um dia colocaste no meu travesseiro.
Chegou a altura de o rasgar!


13

Alieno-me de sentir a tua presença.
És tão fútil!
As águas separadas são, afinal,
O rio que galgo.
É nele que agora desces.
O acampamento dos deuses
Chama por mim. Penso em ir.
Já não acendo cigarros,
Nem forma tenho de
Contemplar outro fumo
Que não aquele que
Brota do que escrevo.
É este o fumo que agora me vicia.


14

Desisto de ti, que não
Desista das coisas francas.
Ao menos, estas, não escondem
Aquilo que, efectivamente, são.
A ti entrego a espada
Com que sempre lutei
Nestas quezílias constantes e medíocres,
E me fizeram encolher
A sensibilidade que
Agora vomito com avidez.
Infelizmente para ti são
Estas palavras soltas,
Repito! Em sofreguidão.


15

Na floresta dos medos
Perdura ainda um.
Inabalável, presumo, que
Me penetra o espírito e,
Sinuosamente, na
Memória de uma vida.
Quero abolir este receio
De ter de te enfrentar outra vez.
Sorrio, acenando
Ao vento que leva
Tudo que a ti diz respeito e apaguei.
Risquei, a carvão,
O teu nome do meu caderno.


16

Estou confinado a mim e
Ao meu ideal concreto.
Ao saber fluente de uma
Literatura constante
Que em tempo recorde
Toma de assalto o meu ego.
Agora sim!
Liberto de ti,
Consigo discorrer sobre a vida,
Assimilar o sufoco de existir
Um pesadelo tão certo,
Como o foste,
No frenesim da minha existência!

24 de Janeiro de 2003

segunda-feira, março 09, 2009

Palavras Soltas

Chego à lareira e me aqueço.
Lá fora a chuva cai em sobressalto.
O vento grita. O frio congela as minhas lágrimas.
Que dor!
Aqui, junto do fogo, reflicto a minha vida.
Aquilo que fui. Aquilo que sou ou quero ser.
Regurgito esta essência e me condeno.
Nem imaginas o que me passa pela cabeça.
É um trânsito de contradições que se move cá dentro.
Tudo é complicado. Confuso. Pouco claro.
Penso em ti. Neste ou naquele momento.
Choro. Descrente.
Vislumbro, finalmente, esta mísera realidade.
Junto do fogo me aqueço.
Lá fora estarás também. Algures.
Acredito que, nem por um só instante,
Te lembrarás que ainda gosto de ti.


2002

domingo, março 08, 2009

Lobo

Choro ao uivares a clemência na noite.
Na fraga alta serves-te das estrelas.
A penumbra chama por ti, figura furtiva.
Nas águas do rio reflecte a lua que guardas por teu sonho.
Noite mítica que vives e choro;
Porque te perdes, lobo?
A floresta é tua e o Homem toma-a para si.
Choro a fúria de não te salvar.
Não sejas distante, cuida da serena paz;
Aclama, ser selvagem!
A natureza enfurece a tua existência.
Uiva que declamo para ti no frio e obscuro.
Revolve a fuga que o homem te persegue
Entre trilhos e penhascos, onde longas se tornam as noites.
Chegou a hora, de comigo, chorares a inexistente segurança.
Volta a rebolar na erva fresca perante o sol, e
Vive à luz a noite intemporal.
Partilho contigo este processo, este caminho.
A todo o tempo a tua voz ecoa e eu escuto;
Sob o luar como é belo o teu uivar.

5 de Julho de 2003

sábado, março 07, 2009

Sem Dinheiro

(dedicado ao homem teso)

A desgraça e a pobreza
Não há pão sobre a mesa,
E o dinheiro, então esgotado,
Deixa-me constantemente encurralado.
Será dúvida, será dívida,
Porque sofrer assim nesta vida?
Aprovação a todo o momento,
Não sei quem sou, mas que lamento.
Nem para a mínima coisa tenho dinheiro
Quanto mais para viajar pelo mundo inteiro.
Agora, aqui, neste lugar ermo,
Vou tentar por a esta vida um termo.

2 de Março de 2009

sexta-feira, março 06, 2009

O Corredor

Se soubesses que aqui estaria, virias na mesma?
Acredito que sim, mas ficavas no corredor,
Entre a sala e o quarto, onde
A espaços temporais, comsumíamos o nosso desejo.
Estou sentado naquela cadeira,
Num outro quarto qualquer da mesma casa.
A razão pela qual não te moves
Explica-se pela saudade que te assola.
Espero-te como da primeira vez.
Nada vale se não for vivido.
Porque não vivê-lo outra vez?
E outra. E mais outra.
Obviamente, podendo parecer ridículo,
Se ficares no corredor a espera será eterna.
Vem! Encontra-te em mim, novamente.
Outra vez. E outra. E mais outra.
Sei que sabes que estou aqui.
Sem medo, vem depressa.
Senta-te a meu lado, neste outro quarto, e vive!

1 de Março de 2009

quinta-feira, março 05, 2009

Serra da Lousã

Com as árvores e o vento,
Me sento num penedo.
A água no rio, fresca e cristalina,
Afoga o meu lamento.
Me liberto das raízes,
Não mais quero sufocar.
Apenas nas carumas e terra fina me deitar.
Respiro o teu ar!
Calor, sol em pleno brilhar.
Quero sentir a brisa passar
Por entre dedos e gritar!
Ouves o eco?
Por entre folhas e flores,
Aclamo ao teu raiar.

27 de Fevereiro de 2009

quarta-feira, março 04, 2009

Caminhada (entre putas e cabrões)


(dedicado àquele que não sou)

Por teres vivido aqui,
Entre putas e cabrões,
Te tornaste aquilo que não vi
E viveste uma vida de ilusões.
Tomaste para ti o todo da história,
Agonizei contigo na caminhada.
Retiraste as coisas boas da memória,
Foste embora, não quiseste mais nada.
O beco sem saída, tornou-se infinito.
Fumei ganzas para te esquecer.
Entre putas e cabrões, eu sinto,
Que terminou o caminho e quero morrer.

2 de Março de 2009

terça-feira, março 03, 2009

O Segredo

O segredo é trazeres contigo o amor e um livro, de poesia.
Pode ser?
Por favor, traz-me aqueles bombons que tanto gosto
e um cd dos Moonspell.
Agrada-me ouvir.
Espera!
Não quero nada.
Vem apenas tu.
Nua.

2 de Março de 2009

segunda-feira, março 02, 2009

Terra Amanhada

O último resquício de sono vamos dormí-lo aqui.
Nesta terra amanhada farei a nossa cama.
Se te lembrares trás contigo uma garrafa de vinho.
Com ela beberemos o nectar de uma noite lunar.
Repara que escolhi este pedaço de terra rural para te provar.
Disseram-me, em tempos, que já aqui dormiram pastores.
Mas hoje, a terra é nossa.
Nela vamos saborear o repasto do prazer.
Nesta terra amanhada; vinho, sossêgo,
Acordaremos, lado a lado, cheios de novas esperanças.

1 de Março de 2009

domingo, março 01, 2009

Palavras

Ouço palavras que, como música já gasta, me consomem o oxigénio da razão.

1 de Março de 2009