Escondi-me no teu cabelo enquanto li a poesia. Ouvi o rasgar da pele na ponta da minha caneta. Demorei. Em alguns minutos engoli o meu corpo e vesti, tolhido, a minha alma com a roupa amorfa do fim do dia. No teu cabelo perco a inocência. A coerência igualmente. Escrevo, despido, o tempo que parou e não passa. Não resolve o mofo das coisas nem, tão pouco, remove a hora e a caneta da minha mão. Tão macio o teu cabelo...
Macau, 11 de Junho de 2011