domingo, março 08, 2009

Lobo

Choro ao uivares a clemência na noite.
Na fraga alta serves-te das estrelas.
A penumbra chama por ti, figura furtiva.
Nas águas do rio reflecte a lua que guardas por teu sonho.
Noite mítica que vives e choro;
Porque te perdes, lobo?
A floresta é tua e o Homem toma-a para si.
Choro a fúria de não te salvar.
Não sejas distante, cuida da serena paz;
Aclama, ser selvagem!
A natureza enfurece a tua existência.
Uiva que declamo para ti no frio e obscuro.
Revolve a fuga que o homem te persegue
Entre trilhos e penhascos, onde longas se tornam as noites.
Chegou a hora, de comigo, chorares a inexistente segurança.
Volta a rebolar na erva fresca perante o sol, e
Vive à luz a noite intemporal.
Partilho contigo este processo, este caminho.
A todo o tempo a tua voz ecoa e eu escuto;
Sob o luar como é belo o teu uivar.

5 de Julho de 2003