sábado, novembro 28, 2009

na casa aberta

à Margarete

falo palavras amordaçadas como preso em mim e no meu sentir. sou de desejar escrever até morrer, mas hoje desperto de um sol frio, coagido por ser outono e nas cores quentes deste dia, vomito o silêncio; estou inteiro, curvado perante ti e me uso da tua pele para me aquecer do frio da alma que circula, para lá e para cá, junto a mim. leio poesia de quem não se teme, apavorada, e sigo mais além onde encontro, num sorriso, a tua tez. nas letras despes a sabedoria de quem joga com as palavras no momento, mesclando odores de sonhos e de sons felizes, perdidos aqui, na casa aberta.

28 de Novembro de 2009

quinta-feira, novembro 05, 2009

sem destino

hoje e sempre citadino
percorro esta calçada à portuguesa,
onde vagueio sem destino,
na busca incessante de alguma certeza.

5 de Novembro de 2009

terça-feira, novembro 03, 2009

Sofá das Ilusões

Vou andando, alheio e devagar, ao teu encontro.
Estás meio perdida, deitada no teu sofá,
E junto a um copo vazio.
Descansas na esperança que chegue
E te ponha no meu colo.
Nesse momento serei apenas eu e tu,
Porque existes dessa forma,
Prostrada no sofá das ilusões,
Assim meio tosca mas, com sentido único.

3 de Novembro de 2009

quarta-feira, outubro 21, 2009

diluído

esta chuva que cai
e me limpa o raciocínio das contas feitas;
de uma vida passada a custo pela matemática da memória
e que agora se dilui.

21 de Outubro de 2009

terça-feira, outubro 20, 2009

A preparar o segundo livro...

Estou já a preparar o meu segundo livro de poesia que deverá (ainda estou a alinhavar com a editora) ser apresentado em Fevereiro e deve ser composto por 50 poemas.

Vou dando notícias!

quarta-feira, outubro 14, 2009

Apresentação da Antologia "Tu cá, Tu Lá"

Ao virar da esquina

Vejo-me na rua.
Viro uma esquina, outra a seguir.
Ao fundo acenas ao meu sorriso.
Nele tens a certeza que existo a teu lado.

É verdade,
Sou mais feliz ao virar da esquina e encontrar-te ali,
Junto ao sorriso do meu rosto.

13 de Outubro de 2009

quarta-feira, setembro 09, 2009

Coisas assim

Escrevo coisas assim, tais como as que vão ler de seguida.
Estas coisas são mesmo assim. Saem de mim como uma fonte de palavras e anseios à mistura.
Há dias em que me sinto um pouco apagado mas sei que isso é um mero equívoco do presente; noutros desenho as palavras recortando o amor num mero papel.
É como vos digo, sou assim... escrevo coisas assim, seja no meu sofá laranja como no banco do jardim, para mim tanto faz desde que escreva.
Sou introspectivo. Mergulho constantemente na minha essência e, por vezes, num copo de vinho. Sim, daquele que também tu bebes... d’ o nosso vinho e ficar por aqui, encostado, à espera do fim e ficar fora do prazo daquilo que estou gasto de ser.

7 de Setembro de 2009

terça-feira, agosto 04, 2009

O inesperado

Rolei a cabeça para te encontrar.
Estavas aí, vestida de perfume brando e sincero,
Onde a loucura se encontra com a razão.
Não te vi no passado. Passava e não parava.
Estavas ausente no meu olhar.
Aconteceu o inesperado!
Consigo olhar nos teus olhos e me perder.
Não sei o que queres ao baralhar-me.
Contigo me perco, agora, onde nunca me encontrei.
Quem és? O que fazes?
De ti pouco sei, mas gosto.
Sou masoquista ao te desejar,
Pois nunca o quis.
Nem a ti, nem a este momento.
Vou ficar a assistir a esta ocasião,
Que de certa nada tem senão a certeza que gosto.
O imprevisto aconteceu...
Já nada me pasma a voz secreta do coração.

4 de Agosto de 2009

Dedicado à PF

quarta-feira, julho 29, 2009

Banco de jardim

Apetece-me!
Hoje sento-me no banco do jardim.
Aqui espero a tua chegada.
Hás-de vir um dia, eu sei.
Rodeiam-me os passos do sossego.
Ao virar a face creio em ti no horizonte.
Não estou aqui a todo o momento;
Vou e venho amiúde, e me tolero
Neste jogo de anseio.
Entretanto se chegares e não me vires,
Pergunta por aí onde me encontro.
Não creio que o banco de jardim te responda
Pois nele não mais me sentei.

29 de Julho de 2009

sábado, julho 18, 2009

Tu e Eu

Às vezes há momentos que são eternos.
Só de estarmos aqui, lado a lado, juntos
A ouvir o som do ar que nos rodeia.
Apenas isso me basta no conforto de te sentir em mim.

18 de Julho de 2009

terça-feira, julho 14, 2009

Prazo

É na parede branca que penduro um quadro.
Nele contem a imagem de uma fotografia qualquer.
Podia ser eu, podias ser tu, podíamos ser nós os dois
Se tempo houvesse para isso.
Esse prazo começa a expirar.
Já não controlo a medida arbitrária da duração das coisas,
E isso deixa-me ridículo e silencioso.
Se soubesses como gostava de controlar a vontade,
No espaço e no tempo da minha vida.
Sermos dois, apenas um mais um,
É algo que relativizo na hora da firmeza.
O ponto de vista não absoluto do prazo,
Ou do tempo em si, como queiras,
Faz-me sentir mais confiante,
Pelo contrário, perdulário,
Dissipador da consciência íntima.
Parece que o tempo quebra e me termina.
Me faz viajar para longe de ti, e do teu lugar,
Onde me observas e fazes encarcerar o particular.
Estou a ficar fora do prazo deste amor,
Gasto e supérfluo do que não tenho.

14 de Julho de 2009

quinta-feira, julho 09, 2009

Comigo nunca ficarás sozinha

Saudade, relutância, tremor,
Ambiguidade na amizade e no amor.
Comigo nunca ficarás sozinha.
Sou presente antes de ser ausente,
Sempre no princípio de todas as coisas.
Pelo menos tento...
Tento a certeza da minha presença
Para não cair na indiferença da minha ausência.
Não quero que sintas isso.
Como sei o que é estar absolutamente só
Mesmo no meio desta multidão indiferente.
Ouço-te num fio de voz ao longe.
Chamas o meu nome e eu corro.
Sempre corri. Para ti estou.
Estarei sempre.
Comigo nunca ficarás sozinha,
Contigo complemento o meu ser único.

9 de Julho de 2009

terça-feira, julho 07, 2009

Na cidade

E a cidade adormece
Depois do ocaso forte de um dia morto.
Nada fiz, apenas assisti ao definhar do sol.
Podia lá eu salvá-lo, se a noite se ergueu.
O ar petrificou as minhas acções
Nesta noite de verão frio.
Se quiseres grito por ti,
Mas nada mais posso fazer.
Estou atado a esta ignorância nocturna
Que vai e vem todos os dias, antes de me deitar.
Pela janela vejo a cidade,
Engolida na alta noite.
O som das luzes criam em mim
Sonambulismos de chorar.
Quero dormir!
Acordar num sonho da cidade branca
E sorrir.

8 de Julho de 2009

quinta-feira, julho 02, 2009

O caminho do desassossego

Conheço o caminho do desassossego.
Nele deambulo agora, surgindo aqui e ali
As dúvidas de uma nova realidade.
Desespero pela certeza, porém
Aguardo sereno o rumo da minha fortuna.

(Quero ser um gato, viver sete vidas e outras tantas)

Agora a inquietação é madrasta.
Traz-me a loucura do jogo de azar.
Tudo me faz perder, neste amor.
Como me perturba o ânimo saber
Que não és a calma que me pastoreia a consciência.

2 de Julho de 2009

terça-feira, junho 30, 2009

Molestado pelo amor só (Sob o signo de Freud)

Se te dissesse o que quero
Saberias que almejo a luz firme.
Sei que iluminado sou diferente,
Portentoso, confiante.
Consigo inferir em mim
Um ser amolgado na sua proporção,
Molestado pelo amor só.
Não ignoro a tua presença
Por não existires aqui, na intimidade,
Mas amo-te.
Fantasio novas experiências
Neste tubo de ensaio que está dentro
Deste corpo indeterminado
Na sua forma e substância.
Contenho a súmula
De uma composição gasta no amor.
Quero readquirir a nova brandura
E servir, de novo, na bandeja da luxúria
A libido louca, sob o signo de Freud,
No incessante instinto de viver.

30 de Junho de 2009

terça-feira, junho 23, 2009

Al-hamma

O meu lugar é aqui,
Onde os caminhos se estreitam
E as calçadas gastas cantam o fado.
No beco o cheiro a sardinha,
No pátio a roupa pendurada nos estendais.
Consigo ser assim, pitoresco,
Quando percorro as tuas ruelas.
Para mim és muito, Alfama velhinha,
Lugar de tradições; sobranceira,
Onde a varina canta a tua história
E o marinheiro, já velho, perdura na memória.

23 de Junho de 2009

Dedicado à sempre eterna e "minha" Alfama

Mosca

Está ali uma mosca,
Parece-me imóvel na merda da parede
Como os porcos no pardieiro do poder.
Nada fazem, ali parados, os cabrões.
Só sabem subtrair aos outros
O pouco que estes têm.
Lembram hienas a devorarem a carne e os ossos
Deste povo ignóbil e sereno.
Cada vez mais tenho certo
Que a praga deste mundo somos nós.
Animais racionais de fraca rês.
Uns mais que os outros, confirmo.
Mas aquela mosca intriga-me.
Está no mesmo sítio desde
A mesma hora que a vi,
Agarrada como um sanguessuga
À pele do ser menor.
Lembro-me que podia ser melhor
O dever das nossas gentes,
Mas virando à esquerda ou à direita,
A porcaria é sempre a mesma,
Putrefacta e mal-cheirosa.
Por falar nisso, a mosca voou...

23 de Junho de 2009

segunda-feira, junho 22, 2009

Respiro

No solstício do tempo quente
Apareceste para me dar ar,
Esse oxigénio da alma que tanto preciso.
Estava com dificuldades em respirar
Sempre que o amor me apertava
E me quebrava os sentidos.
Cheguei a asfixiar com a sua falta.
Consinto que nem sempre tudo é de mais,
Por vezes tudo é nada,
Outras o nada é quase muito.
Hoje foste muito,
Mesmo que quase nada me tenhas dado.
Mas não! Deste-me muito.
Pensavas o contrário, eu sei, eu sinto.
Precisei de ti e estiveste comigo;
Ajudaste-me a respirar melhor.

22 de Junho de 2009

sábado, junho 20, 2009

O lençol

Claro que gostava de dormir contigo,
Agora que a minha cama me engole o corpo,
Neste quarto quente e solitário.
Reviro o sono do anseio.
Preciso de me sentir estático e abraçado
Pelo sonho da tua presença.
Esta noite sou insónia.
Não me entra na cabeça o inconsciente
Do dormir profundo e calmo.

Volta!

Devolve-me a almofada do teu corpo
E cobre-me com a acalmia da tua pele.
És o meu lençol.

20 de Junho de 2009

sexta-feira, junho 19, 2009

Como uma ave

Quero ser uma ave
E pairar no alto, suspenso.
Sentir a pressão do ar em mim.
Leve, perceber as nuvens.
Ouvi dizer que contam histórias aos pássaros.

Apetece-me viajar a sul,
Onde o espaço aéreo é mais quente.
Lá, contemplo as paisagens do Estio.
Sinto-me mais incluído,
Mais cercado pela vontade do sol.

19 de Junho de 2009

quinta-feira, junho 18, 2009

Sucedido há pouco

Bebi mais um copo esta noite.
Podiam ser muitos mais, mas não. Acautelei-me!
Foi apenas mais um copo
Entre as conversas banais de uma noite quente.
Aconteceu numa viela do Bairro Alto.
Ali, observei uma cara nova.
É certo que não é totalmente nova,
Mesmo assim afigurou-se recente.

É isso!
Recente é a palavra indicada,
Não tenho dúvidas.

Vejo-a muitas vezes por aí,
Em dias baralhados de um mês qualquer.
Os seus contornos perfeitos
Limpam a minha alma, desde hoje.
Ouviste o que tinha para dizer;
Tiveste essa paciência.
Prestaste auxílio à minha mágoa,
Partidária do meu sofrimento.

Alcancei-te um pouco,
Tão amena, apenas agora reparei.
Desculpa-me...

18 de Junho de 2009

Dedicado à A. L. S. (Grato pela amizade)

quarta-feira, junho 17, 2009

Lado a lado, distantes

Olhei para ti hoje.
Inferi, em mim, a tua importância.
Na tua boca um sorriso;
Outro e outro.
Ainda trocámos olhares diversos, amiúde,
E umas palavras soltas.
Quiseste saber coisas.
Eu disse... e tu ouviste.
Falaste também.
E tornamos a falar.
Chorei por dentro de não te ter.
Mas senti-me lícito, recomendável.
Tivemos ali os dois,
No meio de muitos,
Lado a lado,
Ainda assim distantes.

17 de Junho de 2009

segunda-feira, junho 15, 2009

Aequitas

Serei a tua justiça
Se me quiseres por direito.
Nesse caso, tenho o dever
De cumprir o código do amor.
A demanda do juízo pede
Que seja mais concreto.
Verdade, nada mais que a verdade.
Esse é o meu desejo secreto.
Alieno todos os processos pendentes
No socorro de estar limpo,
De cabeça pura, erguida.

15 de Junho de 2009

domingo, junho 14, 2009

Não me consigo evadir

No rectângulo onde me encontro existe um sofá.
Nele me sento quando quero ler um livro.
Um dia destes olhava, perdido,
Para as lombadas dos meus livros,
Que se encontram numa estante a meio da sala.
Esperava que a poesia ali contida
Fosse fuga para uma intimidade comigo,
Mas não consegui evadir-me.
Continuo, ainda hoje, preso à dor
De algo perdido no tempo e no espaço,
Que ainda não sei muito bem o que é.
Pelo menos tenho este rectângulo,
Sala aberta e ampla, onde posso gritar.
Falar às paredes os meus medos
E partir o sofrimento num livro.
É o que mais anseio.
Quero mesmo fugir. Escapar nas letras.
Voar entre as palavras
E a doutrina poética de um escritor qualquer.
Definitivamente, nem ontem, nem hoje,
Me consigo evadir.

14 de Junho de 2009

Camaleão

Já não consigo chorar por ti;
Hoje as lágrimas secaram.
Aguardo notícias tuas, é certo,
Mas não com a impaciência
E o sofrimento de quem espera o incerto.
Quero ser uma espécie diferente
Como camaleão prestes a mudar de cor.
Sinto-me melhor assim,
Ludibriando o sofrimento
Numa finta sem fim.
No trilho do tempo vou caminhar só.
Porquanto agora sou apenas eu,
Com a minha consciência
E um maço de cigarros,
Para fumar quando estiver
A dobrar a esquina da saudade.
Ainda dependo disso para mudar a minha cor.
O fumo dá-me a lucidez
E a aptidão de me camuflar.
Entretanto, vais encontrar-me assim,
Numa troca constante entre o tolerar
E o renunciar ao teu estado de existir.

14 de Junho de 2009

sexta-feira, junho 12, 2009

As mãos

Criei em mim um suspiro
De uma espera qualquer.
Tenho a paciência e a dor
Daquilo que não consigo alcançar.
Subitamente olho para as minhas mãos
Onde ainda tenho os resquícios do teu toque.
Como me apetece que estivesses aqui
E entrelaçasses as tuas mãos nas minhas
Numa dança sem fim.
Lembro o caminho que fizemos.
Grassa em mim uma monotonia esquisita,
Daquelas que nos tolhem a razão.
Gostava de sentir a tua falta
Sabendo que virias ainda hoje.
As mãos vazias agora preenchem-me.
Ando de um lado para o outro
Numa azáfama de quem quer voar.
Se chegares entretanto chama-me.
O meu nome continua o mesmo
E a tua voz sabe como chamá-lo.
Gostava de poder multiplicar as boas sensações.
Era tão bom quando te pertencia
Como um todo certo e coerente.
Por ora, olho o meu punhado.
Nele cabe ainda a tua mão.
E ainda, lembro, o teu corpo
Vestido com a sorte dos meus dias.
Juro que te quero como quando
Permutávamos as nossas mãos.

12 de Junho de 2009

quinta-feira, junho 11, 2009

Apagado

Sentado nesta cadeira e ao redor
Uma luz que me trespassa.
Sou mais um dia que finda
E virado a sul procuro respostas
Às dúvidas da noite que se avizinha.
Crepúsculo do silêncio incómodo.
Tudo me torna vago e obscuro.
Sinto-me tétrico ao anoitecer.
Nem sempre assim foi,
Mas hoje estou mais ignorante,
Não discirno a intenção e a capacidade de pensar.

Preciso do fulgor.
Do brilho do sol.
Com ele sou clarividente.

E o candeeiro desta rua não chega.
Preciso de uma luz que não esta, vil e amorfa.

Não dou nas vistas!
Hoje não é o meu dia
E não irei aos mais altos astros.
Ficarei por aqui,
Nesta cadeira imóvel, partida num dos seus calços,
Como eu, quebrado em mim.

11 de Junho de 2009

quarta-feira, junho 10, 2009

As horas que marcam o relógio

São zero.
As horas que marcam o relógio.
Podiam ser vinte e quatro.
Há quem queira não terminar o tempo
Do dia anterior e começar o próximo.
Eu gosto de viver.
Para mim são zero
As horas que marcam o relógio.
Penduro o tempo para o ver melhor.
Ele passa e resolve.
Destina a minha vida ao melhor desígnio.
Espero!
As horas que marcam o relógio são nulas.
Parece que, por momentos, o tempo pára
Para nos unir-mos num só.
Eu e tu, razão.
Zero!
Nunca um número significou tanto
E tão pouco neste instante.
Agora liberto-te. Corre tempo...
Mostra-me o que de melhor posso ter.
Dá-me o prazo de duração das coisas
E deixa-me abrir os braços para me trespassares.
São zero.
As horas que marcam o relógio
E eu aqui continuo,
A olhar o relógio e o infinito.

10 de Junho de 2009

segunda-feira, junho 08, 2009

"Não Existes" à venda no WOOK

Agora já pode adquirir, igualmente, o meu livro "Não Existes" no WOOK, livraria online do grupo Porto Editora.


sexta-feira, junho 05, 2009

30

Vivo num mundo
Dedilhado pelos dedos de um ser
Trazido pelas auroras frias de mais um dia.
Esses dias passam pela minha pele
E a envelhecem naturalmente.
Sorrio por estar vivo
E respiro o ar perfumado que me rodeia.
Sou assim,
Preso nestas coisas simples da vida
Como beber um copo de água na varanda do terraço
E suspirar por me lembrar do amor.
Lembrei-me, igualmente, que sou poeta.
Conjugo palavras como croché,
Numa harmoniosa manta de retalhos diversos,
Cujas lembranças fiz questão de guardar.
Trinta anos.
São estes os anos que já vivi.
Lembro-me que ainda ontem
Realizei sonhos de infância
E tornei-me obstinado na adolescência.
São já trinta.
Junto-os como quem junta grãos de arroz.
Encontro-me entre o homem e o miúdo,
Num beco de sensações várias,
Onde me olho e recordo
Como é ser eu, assim, despido de mim.

4 de Junho de 2009

sexta-feira, maio 29, 2009

Rita

Dezanove de Maio de dois mil e oito
Traduz o dia que jamais conseguirei esquecer.
Podia ser outro dia qualquer, mas não é.
É no dia dezanove.
Provei nesse dia o sabor mais intenso
Da tua boca húmida e gostei.
Gostei como nunca.
Gostei como sempre.
Engrandeci por te ter.
Sinto que contigo as horas
Não são suplícios de uma vida inútil.
Tornei-me homem maduro
Com a magia da tua presença.
Possuí-te como nunca tinha feito
Nos tempos em que conheci outras mulheres.
E o tempo é conselheiro.
Sei que desejas a minha presença.
Sinto isso!
Não consigo explicar, mas sinto.
Saboreei a tua presença como uma dádiva
E jamais rescindi com os meus sentimentos.
Sei que o contrato que fiz para comigo mesmo
É para levar até ao fim...
Peço desculpa por ser, por vezes, uma subtracção
Da soma que esperavas, mas estou em constante aprendizagem.
Numa mutação crescente em mim
E na procura de ser mais eu para ti.
Sem códigos, nem condutas.
Ao fim ao cabo, este contrato é apenas
A loucura de saber que te pertenço
E disso não quero abrir mão.
Torna-me claro, amor.
Quero estar bem ciente daquilo que queres.
Navegar em águas de um mar revolto não me apetece.
Quero paz. Sossego imenso.
Contigo somos um.
Agora só quero olhar para ti.
Fascinar-me com a tua presença.
A todo o tempo a tua forma humana
Se fixa no pensamento.
Fazes-me bem. Sempre fizeste.
O teu corpo é paz, Rita.
Não fujas daquelas certezas que ainda tens.
Fica aqui.
Como antes, comigo...

29 de Maio de 2009

Sentimentos numa noite quente

Estou aqui mas podia não estar.
Olho em redor e sinto o calor.
Se estivesse noutro lugar, bem sei qual,
Sentiria o mesmo calor.
O quente de um fraterno abraço.
A solução de um novo amor
Fornecido pela mesma pessoa.
Mas estou por aqui.
Conduzo o olhar para um porta-retratos.
Nele revejo coisas boas.
Momentaneamente estou perdido
Numa estrada de recordações.
Soluço a saudade e penso em ti.
Lá fora ajudam-me.
Gritam às vezes quando perco a voz ao te chamar.
Está calor.
Quente como tu que recordo,
Sentado a olhar para o teu retrato.

28 de Maio de 2009

quinta-feira, maio 28, 2009

Por enquanto

Fugiste por entre os meus dedos
Como uma brisa fina e fria.
Sinto-te confusa, cheia de medos.
Não quero estar assim,
Perdido neste caminho sem fim.
Parece que te perco, meu amor
Que loucura esta, tornada dor.
Tento resolver a minha cabeça,
Na curva de mais uma hora.
Nem consigo chorar.
Os meus olhos secaram...
Estarei a ficar resolvido?
As tuas incertezas tornam-se minhas.
Atrasam o meu pensamento.
Tornam-me fraco. Tremo por dentro.
Sou, efectivamente, menos eu.
Sou menos tudo. Solto do teu amor.
Desprovido.
Porquê?
Porque me desassossegas e
Me tiras o sono nestas noites quentes?
Estou sozinho.
Acabei de fumar mais um cigarro,
Preocupado com o bater desatinado do meu coração.
Por amor, estou quase morto.
Moribundo neste sofá laranja,
Que me enfeita a sala e onde, agora, me sento.
Continuo sozinho.
Sei que estás aí. Algures.
Sê resoluta. Não me prendas neste fio.
Amadurece. Sente.
Acredita. Pensa.
Sê um pouco mais introspectiva.
A minha morada é a mesma.
Quando quiseres vem.
Estou aqui!
Por enquanto...

28 de Maio de 2009

quinta-feira, maio 14, 2009

'Clean'

Apareceu do nada para mim.
Chorou a cada esquina e eu vim.
Corou quando a chamei.
Desmembrou o meu sossego. Agarrei!
Senti, vislumbrado, aquela tez.
Natural, sedutora, sincera mas nada fez.
Sei que sou ingénuo por acreditar,
Naquela história, quase de embalar,
Que sempre agiu como impune.
Gosto da mesma forma, apesar de imune.
Limpo com todas as águas,
'Clean' de todas as mágoas.
Sou agora mais maduro,
Sei que certas coisas já não aturo.
Porém, quero sempre poetar,
Palavras francas no meu amar.

13 de Maio de 2009

segunda-feira, maio 11, 2009

Nota de Leitura ao livro "Não Existes", por Xavier Zarco

Escrever sobre um livro que aborda o tema amoroso é, no fundo, falar sobre algo que está no cerne da própria tradição poética. Não só da nossa, a galaico-portuguesa, mas a do mundo inteiro.

Quem nunca ouviu falar de Safo?, ou dos tankas orientais?, quem nunca ouviu, pelo menos uma vez na vida, um poema sobre o amor?, quem não se recorda, por exemplo, de pelo menos um poema, uma narrativa sobre Pedro e Inês?

O amor é um dos mais relevantes temas de toda e qualquer poesia. Eu, como leitor de poesia, o que nestas coisas pode ser um defeito, encontrei num poema de Eugénio de Andrade aquela que considero a melhor aproximação do que se pode utilizar como definição de amor, e passo a citar: “Assim é o amor: mortal e navegável”.

Gonçalo Lobo Pinheiro, neste seu: “Não Existes” ou, este sub-título, que considero malandro, “o breve manual prático de como esquecer um amor antigo” quase direi que se serve da aproximação feita por Eugénio de Andrade para a sua edificação.

Neste seu poema, porque de um único poema se trata, embora fragmentado e cada fragmento se possa considerar como corpo autónomo, o poeta explica-nos um título que indicia o apagar da memória, uma capa branca porque dessa memória nada resta, mas deixa-nos exactamente o reverso, ou seja: utiliza a palavra poética como recuperação e superação de memória, não como eliminação como seria de esperar.

Antes é o desenho concreto de um passo que efectivamente se dá para a construção do nosso próprio caminho.

E este é um dos encantos deste livro.

O amor como sentimento é mortal, porque pertence ao foro íntimo de cada homem que, naturalmente, também é mortal.

Bem sei que há aquela velha história do Pessoa: “O poeta é um fingidor”, mas Gonçalo Lobo Pinheiro alerta logo em nota prévia que este: “Não Existes” é “lixo [da alma] que agora despejo com clarividência”. Assume-se portanto como algo pessoal, algo vivenciado pelo próprio, aquele que vê na escrita e passo a citar: “o fumo que agora me vicia”.

E este signo, fumo, ao que o autor atribui o valor de viciante, é, na essência, do declarar anunciador da cinza, do que fica: a memória.

Mais do que uma catarse, trata-se de vida, acto de respirar que a cadência silábica bem expressa.

Em suma: “Não Existes ou o breve manual prático de como esquecer um amor antigo”, de Gonçalo Lobo Pinheiro, preconiza, não uma forma de olhar a relação amorosa, que cessou, e que se torna necessário tornar o objecto amado em algo próximo do imaginário, mas uma forma de ver, de interpretar a própria vida, superando cada instante, cada pormenor porque urge seguir a própria viagem.

E é através da escrita que efectua a necessária reconstrução da ideia de amor tornando-a navegável porque parte à procura do outro, neste caso, cada um de nós, os que o lemos.


Xavier Zarco (poeta)

quinta-feira, abril 30, 2009

Terra Lusa

Canto para te recordar.
Portugal, com carinho, venho gingar.
Olá! Trago a minha gente para sambar.
Com vocês aqui a acompanhar.
Terra lusa de tantos encantos,
Pedaço de origem do meu Brasil,
De Camões a Pessoa, diversos prantos,
Da poesia que venero, da música que ouço,
Amália, homenagem te presto,
Nas terras lusas que tanto gosto.


Pais de felicidade, onde atingi sucesso
Janela do Atlântico, sempre anseio o meu regresso.
Da minha terra vos aclamo,
Lusos, meus amigos, que amo.
Canto e danço por ser feliz,
Ainda mais nas terras lusas,
O meu segundo país.
Quando me encontro, estou aí.
De Salvador, para vocês, na terra lusa,
Canções de amor, poemas de minha musa.


Refrão:

Esta terra lusa de todos nós.
Minha e tua, de nossos pais e nossos avós.
Terra fresca onde andamos.
Junto ao mar aqui estamos.
Lugar de culto, fado e tradição,
Me sai do peito esta canção.

30 de Abril de 2009

NOTA: Letra de música feita para Daniela Mercury e já entregue à sua produtora Canto da Cidade.

Frequência

Ao teu redor sinto
que me encontro.
Sei que nesta frequência
te apanho nítida.
O teu sinal é puro
e corres rápido.
Porém, vem devagar
que a pressa não te leva longe.

30 de Abril de 2009

quarta-feira, abril 29, 2009

Desenho

Vi fazer-se o sol na tua face.
Daqui, onde me encontro, traço o perfil
De desenhos que me tornam mais humano.
Sinto que todas as coisas me finalizam.
Já tinhas reparado?
Estes rabiscos significam os
Sensíveis traços da tua pele.
Creio que afinal posso desenhar um pouco melhor.
O sol ajuda-me. Faz-se no teu rosto.
Ilumina estes papéis que trago.
Neles consigo imaginar o sentido
Da arte de te desenhar.
Deixo entrever as tuas linhas e sombras.
Destaco os contornos e as formas.
Reproduzo, plano, e porque me apetece
A silhueta do sentir diverso mas nada alheio
De como te vejo na mente.
Com este sol, com esta luz,
Te desenho porque preciso,
Porque vejo ondulante o teu corpo aqui, no meu papel.

29 de Abril de 2009

segunda-feira, abril 27, 2009

O mundo somos nós

O mundo somos nós.
Eu, tu e os outros.
Todos juntos somos todos e mais alguns.
Sabemos que unidos somos melhores
Neste mundo de existências comuns.
Porquê existir,
Viver juntos nesta amálgama?
Sei que se vieres ter comigo sou ainda mais forte.
Os outros são apenas o complemento de uma outra energia.
Não chores!
O mundo somos nós.
Eu sei que sabes que assim é
E nem por isso desistes de não existir.
Vou revolucionar as existências.
Chamar para mim todos os homens que andam na rua.
A eles vou delegar as funções do existir.
Concordas?
Sei, que dessa forma, seremos ainda mais nós.
Todos.
O mundo que nós somos, ou vice-versa.
Eu, tu e os outros. Aqueles e nós.
Se existimos...
O mundo somos nós.

27 de Abril de 2009

terça-feira, abril 21, 2009

O meu monólogo acabou. Agora somos dois.

Subo ao cimo de ti.
A tua imagem encontra-se vazia. Sem cor.
Solucei monólogos, perdido na altura,
Por não mais me apetecer querer falar sem rumo.
Dizer coisas vãs.
Porque não te encontro?
Destino meu de falar aqui, distante.
Não desisto, nem sou disso.
Sou de ir mais além,
De te encontrar em cada esquina,
E na minha cama, também.
Enrolo-me no cetim dos teus braços,
Apenas quando vens.
Só quando vens.
Porque não vens sempre?
Não deves poder, eu sei.
Mas agora estás aqui, no meu colo.
Dedilho os teus cabelos e a tua face.
Consigo, agora, falar a dois.
Não suporto monólogos.
Fico entediado.
Vamos subir os dois,
Nesta noite negra, fria,
Onde embrulhados,
Somos unos, somos nós.
Os dois!

21 de Abril de 2009

"Não Existes" no blog Novidades Editoriais

Uma notícia sobre o livro "Não Existes" foi colocada no blog Novidades Editoriais.

Confira aqui:


segunda-feira, abril 20, 2009

"Não Existes" no jornal A Bola

O jornal A Bola, no dia 20 de Abril de 2009, na sua rubrica Bola de Estilos faz alusão ao lançamento do meu primeiro livro de poesia "Não Existes".

quinta-feira, abril 16, 2009

O nosso vinho

Traz-me um copo de vidro fosco,
Como aquele onde bebi, em tua casa.
Entorna nele o vinho que bebemos juntos.
Saboreia, mastiga, absorve.
Envolve a minha pele nesse aroma frutado.
Torna-me alcoólico, encorpado.
Sei que contigo sou veludo puro,
De cor rubi, sangue vivo,
Quente, maduro, persistente.
A tua casta difere-te.
Cabernet Sauvignon, Aragonês, Trincadeira,
Touriga Nacional, Syrah ou Merlot.
Que importa?
És como o nosso vinho.
Deixas-me tranquilo, fermentado neste corpo,
Suave, intenso, de textura macia.
Chambreia-me com o teu calor.
Torna-me quente, meu amor.

16 de Abril de 2009

terça-feira, abril 07, 2009

Rua

E ao subir esta rua, vazia, entretanto,
Talvez pelo adiantar da hora,
Olhei ao redor, na procura de ti.
Abraçados podíamos ser melhores.
Melhores amantes.
Deixar de ser errantes.
Ainda te tenho no retrato do coração.
Sei que acolhi, em mim, as tuas virtudes.
No passeio desta rua, as pedras me sustentam.
O alimento que me dás me vigora,
Assim como estas pedras de calcário sujo.
Escurecidas pela passagem da noite, e da multidão.
Esta rua é para mim como a tua presença.
Sem ambas não sou eu, nem mais ninguém sou.
Posso criar ilusões, acredita,
Mas contigo, nesta rua, sou sempre.
Continuando a caminhar, na tua rua.

6 de Março de 2009

sexta-feira, abril 03, 2009

Armário Fechado

Custa-me as palavras
Que gasto ao te ler.
Por vezes não vejo mais
Que aquilo que te dás a conhecer.
Podia ser mais eu e sentir
A tua pele em mim
E no meu armário fechado.
Enfim, revolvi a gaveta.
Vasculhei sentimentos e cartas velhas.
Saíste!
No meu pensamento
Acordo a mudança de um ser diferente.
Consigo me vislumbrar e viver.
Sem ti, por certo, dor de um dia passado.
Naquele armário fechado...

03 de Abril de 2009

quarta-feira, abril 01, 2009

Carta de Amor

Hoje escrevo para calar a minha tristeza. Definitivamente!
É que, nos últimos tempos, algumas coisas me têm corrido de forma contrária àquilo que eu desejaria. Mas não vou remexer em mais nada, acredita.
Escrevo apenas para desabafar o que tenho cá dentro. Aquilo que no âmago se prende e não mais quer soltar. Chega!
Escrevo para largar os medos, os receios, as desconfianças. Escrevo pelo amor. Escrevo por ti.
Estas palavras são um breve esquisso do meu profundo respeito pela mulher que te tornaste. Só tu me conseguiste pôr, novamente, a escrever.
Há quanto tempo não te escrevia? Nem um poema? Culpa minha, amor.
É certo…
Agora voltei a escrever. Voltei a ser feliz. Liberto aqui o meu choro. Não quero voltar a chorar. Pelo menos de tristeza. Quero rir. Como me apetece rir e ver o teu rosto.
Escrevo, finalmente, por te amar. O meu crer em ti, o meu desejo por ti traduzem a brisa solta que te prende os cabelos. És tão linda!
Cheiro a tua pele ao longe. Estás aí e eu aqui. Mas sinto. Sinto como se estivesses deitada com a cabeça na almofada da minha cama. E eu agarro-te…
Chega de arrogâncias, de medos, de mentiras, de males. Não quero isso de mim nem de ti. Quero verdade, quero confiança, quero respeito. De parte a parte, te digo.
Acredita. Voltei a escrever porque te sinto muito. Dentro e fora de mim. No coração e na cabeça. Na pele e no sexo. Em todo o lado.
Prefiro o teu sabor às demais. Para mim, serás perfeita! Sei que todos falhamos. Todos temos as nossas fraquezas. Eu não digo que não…também me podem bater à porta, mas certezas tenho poucas. As que tenho sei-las bem. Um delas és tu!
Como escrevi um dia: Em ti deposito todo o meu eu. Suporta-me nos teus braços e me enche de amor.
Quero que sejas muito feliz. Muito feliz!
Se me quiseres a teu lado para sempre, terei o privilégio de partilhar dessa felicidade e gozá-la contigo. É tudo o que anseio e sempre ansiei desde o momento que tive a certeza que tu és a tal! Naturalmente não terá sido desde o início, mas foi desde que descobri o meu verdadeiro amor por ti.

Abraça-me…hoje libertei-me!

Data incerta, perdida no tempo

terça-feira, março 31, 2009

És do meu céu

E porque o céu se reflecte
Nas águas deste rio,
Te acolho em mim e suspiro.
Podes sentir o meu querer.
Serás a eternidade e o azul
Do céu que se deixa espelhar.
És do meu céu!
Em ti, pássaros esvoaçam e vão.
Pairam loucuras na brisa que me seduz.
Vem céu, que cais sobre mim.
Envolve-me o corpo em ar fresco
E sopra ao meu ouvido palavras francas.
És do meu céu!
És, eu sei.
O que me apetece agora é subir às nuvens.
Contigo sei que posso.
Quero voar e querer sonhar.
Calo-me!
Agora, quero sonhar.
Quero mesmo.
És do meu céu,
Eu sei.

31 de Março de 2009

sexta-feira, março 27, 2009

A Minha Lua

Na noite gélida consigo lembrar,
Olhando para a Lua e te amar.
Como quem entra na dimensão,
Directamente ao coração.
Aquece-me, chama divinal!
Isto é teu, o teu recital.
A luz chegou. Vem de cima,
Daquele céu negro perdido na noite.
Tu vens e existes.
Sem ti não existe nexo.
Vejo a Lua, vejo a ti.
Que bom, felicidade, sinto ternura.
Apenas existimos aqui,
Nesta noite fria.
Amas-me?
Responde-me, enquanto te contemplo, luz!
E porque és a minha luz, vem depressa, meu amor.
Comprova, verdadeiro, a luz a tempo inteiro.
Sintonia breve de nós dois e me acolhes.

15 de Março de 2001 (revisto em Março de 2009)

quinta-feira, março 26, 2009

Ode a Ti

Por entre a imensidão de campos verdejantes,
Te trouxe comigo.
Ao longe avisto as montanhas
No contacto directo com os céus.
Os céus que me trazem a esperança, a felicidade.
Sentes o toque macio da brisa que nos envolve?
Que belo este quadro pintado de leveza.
És a cor da minha vida, o meu sonho.
Possuís a minha alma e a envolves em carícias.
A tua mão aveludada, percorre o meu corpo nú.
Olho-te fixamente como quem olha a montanha.
Quero subir ao seu topo como em ti.
A Natureza está em ti, luz avassaladora.
Tens o dom de me reter.
Nestes campos verdejantes, de cheiro a terra quente,
Espero o ósculo que te pedi no outro dia, e há-de vir.
No sossego deste lugar sinto um frenesim.
Frenesim por ti!
Ai a sintonia dos sons, dos pássaros a falar, das plantas a ouvir,
Do sol que me aquece, e tu me ocorres de novo.
Conta comigo como a abelha conta com a flor para sobreviver.
Só a ti devo isto. Esta ode!
Abro os braços para te apanhar, mesmo estando longe.
Quero-te!
A minha alma, o meu coração, a minha boca, os meus olhos,
Em uníssono, chamam por ti!

15 de Fevereiro de 2001 (revisto em Março de 2009)

quarta-feira, março 25, 2009

Verdadeiro Amor

Sinto que és a pessoa ideal.
Que me envolves, momento após momento.
Sei que és tu quem me faz feliz.
Porque és como és... sensível. Tão linda!
Vejo-te! Vens a correr.
Abraças-me com força,
Sentindo os corações, em um, a bater
Num misto de prazer e alegria.
Escuto-te, que me chamas.
Eu vou. Aninhar-me a teu lado.
Gosto de sentir as tuas mãos em mim.
Os teus beijos quentes,
Que lembram sabores nunca provados.
Cheiro-te! És tu,
E emanas esse perfume.
A tua pele macia e suave,
Amaciada com o meu sentimento,
Me faz dever este momento, esta felicidade.
O meu coração bate por ti.
A minha razão pensa em ti.
Os meus olhos olham por ti.
A minha boca chama por ti.
E suspiro, ainda, por ti.
O verdadeiro amor brota de mim.
De ti.
De nós!

13 de Janeiro de 2001

terça-feira, março 24, 2009

Supostamente, sou e vejo

Vejo que sou aquilo que não sou.
Se serei mais do que isso não vejo.
Pois nem sou e nem vejo.
Pelo que vejo, serei.
Alto!
Subitamente, sou.
Aquilo que vejo não sei se ensejo,
Porém, se sou e vejo,
Do medo revejo o que não sou,
Certezas de ser e de ver,
Que, por agora, aqui estou.

20 de Março de 2009

segunda-feira, março 23, 2009

Vem depressa

Vem!
Vem depressa, meu amor.
Vem abraçar este leito,
Sedento de amor.
Busco em ti, formosa e linda face,
E sorris assim.
Meu amparo, meu sossego.
A ti devo a clareza dos sentidos.
Envolve-me!
Lubrifica a minha alma.
Traduz em gestos finos,
Toda a sensibilidade e vem,
Vem depressa, meu amor.
Vem para junto do meu pranto
E sossegar-me de vez.
Beija-me a boca e sorri!

9 de Maio de 2001

domingo, março 22, 2009

Encontrei e vi!

Encontrei.
Finalmente, encontrei.
Traduzi em ti a vontade de amar.
Em ti coloquei a Luz de forma a uivar,
Para que me ouças além da razão.
Disposto a fundir-me em teu coração.

Encontrei.
Finalmente, encontrei.
A forma mais bela de te possuir,
De te amar, agarrar e sorrir,
Dispondo os lábios em forma única,
E beijar.

Encontrei.
Finalmente, encontrei.
Alguém com amor para dar.
Sempre e em toda a vida te vou amar.
Trazes contigo aquele amuleto?
É ele que transforma lamento em esperança.

E vi.
Finalmente, vi.
Contigo tudo seria diferente.
Do culto do sentimento até à introspecção da mente.
Desde aquele momento.
Eu senti, aqui estás tu, acabou o sentimento.

E vi.
Finalmente, vi.
Perdido deixei de estar. Agora é diferente.
De extrema confusão, passou a vida luzente.
Com um sorriso, desenhado na boca,
Agora sou feliz.

E vi.
Finalmente, vi.
Encontrei a totalidade em ti.
A pessoa mais bela que conheci.
Amar-te, alma divina,
Sempre e finalmente.

27 de Maio de 2001

sábado, março 21, 2009

Resumo

Desde aquele primeiro dia
Te vi perto de mim,
Sonhei que talvez podia,
Amar-te sempre, sem ter fim.

Depois de alguma reticência
O sonho tornou realidade
E vivendo da consciência
Te vou respeitar na totalidade.

Podendo aqui e ali,
Buscar alguma sensatez,
Sagrado dia em que te vi.
Logo ali, o teu olhar me satisfez.

E vivendo dia após dia
Sei que posso contar contigo.
Juro! Alguma vez me envolveria,
Se a confiança não estivesse comigo.

A nossa história
É aquela que construirmos.
Apenas me vem à memória
Bons momentos que possuímos.

E não fosse estar mergulhado
Neste mar de felicidade,
Jamais ficarei triste ou magoado
Enquanto te disser a verdade.

Acredita em mim, faz-me esse favor.
Especial continuas a ser
E na memória, meu amor,
Vou guardar-te até morrer!

11 de Março de 1999

sexta-feira, março 20, 2009

Tão perto, tão longe, tão perto!

Tão perto, tão longe, tão perto!
Que vaivém de constante rotina
Ao andarmos neste deserto
Cheio de confusão, será esta a minha sina?

Espero solução de momento.
Só lembro tudo o que passámos.
Diz-me! Porquê este lamento?
Ainda ontem nos amávamos.

E agora, como vai ser?
Toda a minha vida, daqui para a frente.
Quero te continuar a ver.
Por favor! O coração ainda sente.

Ao longo deste tempo maravilhoso,
O teu discurso foi mudando devagar,
Desde o amo-te ardente, até ao momento doloroso,
E agora nem um olhar!

Porque mudaste de repente?
Já não tens tempo ou vontade de me amar?
Responde francamente,
Para a mágoa passar, passar.

25 de Maio de 1999

quinta-feira, março 19, 2009

Alma Coerente

Jamais, pela cabeça, me passaria
Te perder neste instante
E ter a noção que dia após dia,
O meu amor por ti é radiante!

Pela alegria e felicidade, me sigo,
Entregue a este momento.
Com certeza te digo:
- Não quero pensar em sofrimento.

Sinto vontade de te beijar,
Possuir, levar ou sentir.
Quero continuar a amar
Sem da realidade fugir.

Podendo, no pensamento, me perder
Que para poder ser, no amor, inteligente
Tenho de continuar a ser
A mesma alma coerente!

30 de Março de 1999

quarta-feira, março 18, 2009

Oportunistas

A vida é assim...
Um dia ganhamos, outro perdemos.
Ganhamos por nós, perdemos por nós.
Mas também perdemos por eles,
Que andam neste mundo
À espera da nossa fraqueza, da nossa carência.
Sempre prontos a desintegrar a nossa felicidade, as nossas ilusões.
São uns oportunistas!
Aparecem não sabemos de onde e, por vezes, estão perto de mais.
Acabam com aquilo que possa ter uma réstia de esperança,
Denotando uma força imbuída de razão e sensatez.
Nada!
São falsidade patente em rostos,
Degradados no âmago, desinteressantes;
Ao mesmo tempo uma constante imagem jovial, tímida e sincera.
Eles estão presentes na minha vida.
Talvez voltem. Mas não vou desistir de denunciá-los.
Nunca!
Seres oportunistas, seres repugnantes...
Sem nenhuma certeza,
Senão a de aproveitar a minha, a tua, a nossa fraqueza.

4 de Janeiro de 2003 (revisto em Fevereiro de 2008)

terça-feira, março 17, 2009

No jardim

No jardim, consigo lembrar
Daquela noite eterna e te amar.
Dos teus cabelos ao vento
Espalhando sentimento.

Do teu sorriso, largando alegria.
Ficavas comigo, ali, até ser dia.
E eu olhando sem fim,
Admirando-te assim.

Consigo lembrar, igualmente,
Do teu toque em mim, inconsciente.
Mergulhado na sedução,
E tu... dás-me a mão.

Apelas ao meu coração.
Sem ti, jamais existirão
Estas noites de mútuo prazer,
Gozando ao máximo. Que mais posso dizer?

Lembro ainda, ao amanhecer
Os dois juntos, abraçados sem querer.
Ou ainda aquele beijo.
Mas agora mal te vejo.

O que está a acontecer?
Será que te estou a perder?
Sinto a tua falta.
O tempo é longo. Jamais salta.

Mas vou aguentando devagar,
Com compreensão continuando a amar.
Que saudades daqueles momentos
Em que percorria o teu corpo, sem lamentos.

E no jardim, vou recordando
Vida passada entretanto.
Lembrando que a verdade está aqui,
Meu amor, preciso tanto de ti!

18 de Maio de 1999

segunda-feira, março 16, 2009

Voar é ser poeta

(dedicado ao poeta António MR Martins)

Ser poeta é poder voar.
Brincar com as palavras entre as nuvens.
Suspirar o ar por entre quimeras.
É libertar o nosso âmago.
Sentir forte os nossos medos.
As nossas alegrias, igualmente.

Ser poeta é poder voar.
Chilrear sonetos como quem lê partituras.
Sentir a brisa por entre as penas.
Soltar amarras de loucuras intensas.
Chorar prisões em gaiolas falsas.
Pendurar alegrias na mais alta estrela.

Ser poeta é poder voar.
Levar o pensamento para bem longe.
Criar pontes em novas culturas.
Dissimular existências a todo o momento.
Ser actor de nós mesmos.
Representar vivências, credos e lamentos.

Ser poeta, enfim, é poder voar.
Voar para voltarmos a ser nós.
Aqui ou no céu mais sagrado da terra.
No meu pensamento.
Vislumbro.
Acredito.
Voar é ser poeta!

16 de Março de 2009

domingo, março 15, 2009

Paranóia

Saio.
Dou comigo na loucura da vida.
Surge em mim, angustiante,
A vontade de ir,
Correr o dia, começar o amanhã.
Os carros em frenesim, vão e vêm.
Sem sentido, sem destino.
Desenfreados, soltando rugidos,
Guiados por dependentes de stress,
Dependentes da vida, em si, enfim.
E cá estou,
No meio desta gente.
Amálgama de credos e verdades.
Sem nexo, por vezes, admito
Mas seguindo o rumo,
Cavalgando no tempo
Como cavaleiro lutando,
A curar meus medos, minhas angústias.
Vencendo!
Que paranóia esta que me assola.
Humanos inconsequentes,
Que buscamos que nunca tivemos
Mas que jamais iremos alcançar.
Somos homens e mulheres
Na luta constante da rotina,
Tentando singrar, lutando... lutando!
Porquê?
Para quê?
Que condição humana é esta?
Diz-me vida!
Que condição é esta?
Que estamos entregues selvaticamente,
De manhã à noite,
Sem respeito...
À noite, bem tarde, já em parte liberto,
Me deito, consciente
De que amanhã será diferente.
Não!
Puro engano...
Que paranóia esta!
Acreditar sem ter fé
Nesta condição perdida,
Nesta vida selvagem.
Aqui e ali.
Em todo o lado, eu e tu,
Atropelados sem sentido.
Que paranóia!

5 de Dezembro de 2001

sexta-feira, março 13, 2009

Não Existes

1

Vou esquecer
De gritar por ti
E, tão pouco, lembrar
Que existes e te perdes
Nesta floresta de equívocos.
Toma por certo
O meu pensamento.
Acredita no que regurgito.
Represento, cegamente,
A tua salvação
E a forma de como,
Em última circunstância,
Encaras o teu eu.


2

Corre loucamente
Na direcção do infinito, e
Sementes de insconsciência
Saltam de ti.
A tua amplitude é diminuta
E, nem de soslaio,
Vislumbro o teu olhar.
Jamais a neblina te trará o esquecimento
E, consequentemente,
A aurora te dará esperança.
Simplesmente esquece
Que a minha existência
Te domina a razão.


3

Não quero recordar
Aquele dia, na minha casa,
Onde me encontraste
Despido, cheio de ilusões.
Afinal tu, a maior
De todas as que me
Assolam a razão.
Sentindo a água fervilhar,
Saída das entranhas,
Traduz o desespero
Das minhas causas,
Que sem me aperceber
Vãs se tornaram.


4

Dedica-te à sapiência
De leituras inexactas,
Próprias do teu sistema,
Onde os teus caracteres, na definição,
Não se coadunam com os meus;
Daí este confronto, onde
O teu eu não complementa o meu.
Agora percebo o porquê
De nunca teres falado
A minha língua, nem sequer,
A facilidade de traduzir,
Em gestos suaves, toda
A tua sensibilidade.


5

Tornaste a vir,
Mas não quero;
Não me apetece esse desgosto,
Muito menos o teu cheiro.
Prefiro metamorfosear-me frasco
E envolver uma nova essência.
Não a tua, gasta e supérflua.
Colocarei um novo rótulo,
Dando a conhecer
A nova esperança,
A verdade odorante
De um novo perfume,
Do qual já não fazes parte.


6

Nem lugar tem na minha estante,
O depósito legal do teu livro.
Passou de validade, e
Apenas perdura no
Âmago da mais ténue recordação.
Li e reli as palavras
Que um dia lembrei de acreditar.
Sujaram a minha consciência,
Tornando-a inócua e inibida.
Jamais, na integra, voltarei
A sensibilizar a tua atenção em causas minhas.
Ficarei, agora, inerte
Ao teu iníquo apelo.


7

Não serei o mesmo ingénuo.
Inferir em ti, seria,
Agora, infrutífero.
Carpturar a tua alma
Não está nos meus desígnios.
Ah! Como desejarias
Que vestisse o meu hábito
E atendesse às tuas preces.
Não! Chega de lamento.
Desta vez não irei ao casino.
Não será a roleta a desenhar o meu destino.
Não serás a dama do meu jogo.
Não te pedirei para dançar.


8

A melodia é diferente.
Agora mais grave, outrora muito suave.
O que cantas não se ouve;
Nem o teu som sai, ruidosamente,
Daquela velha grafonola.
Não és vinil. CD nunca serás.
Para sempre analógica...
A qualidade alheia-se de ti.
Nem que graves de novo,
Comprarei a tua música.
Afinal, nunca foste novidade.
Adquiri-te em saldos e, certamente,
Com defeito de fabrico.


9

Porque nunca gostaste das flores?
Daquelas que te ofereci
Enfeitadas com o luar
E o calor do sol ao mesmo tempo.
Certamente nem as cheiraste.
Viste-as, ao menos?
Reparaste na silhueta
Que desenhei nos grãos de pólen?
Representava a volúpia dos teus seios.
Como me ignoraste!
Nem isso viste.
Não mereces que escreva
E discorra sobre ti.


10

Tornaste menos que zero
Na matemática dos sentidos.
Nem na mais simples soma
Te consigo inserir.
O resto que sobra
Não chega para te complementar, e
O terço não serve para contar.
Talvez te liberte, se acreditares.
Deus não te mostrou o caminho.
Apenas tu o podes descobrir.
Aclama para ti.
Caminharás sem medo.
Eu duvido!


11

O espelho reluzente
Já não reflecte a tua imagem.
A tua beleza deixou de ser efectiva,
Nem tão pouco anseio a tua pele.
Não quero o teu sexo!
A tua consistência,
Feita de papel velho de jornal,
Sujou as minhas mãos
Ao tentar pegar-lhe.
Perdi as chaves que
Acedem ao teu cofre e, assim,
A saliva da tua boca que
Possuía ao beijar-te.


12

O guarda-roupa vazio se encontra.
Lá já não moram as tuas velhas roupas
Que, com o tempo,
As traças foram consumindo.
Como vês,
Nem os bichos mediaram o nosso instinto,
Que, por vezes, mais selvagem seria
Do que o habitat próprio
A que estavam sujeitos.
Mas ainda subsiste aquele trapo,
Velho, é certo, e sujo
Que um dia colocaste no meu travesseiro.
Chegou a altura de o rasgar!


13

Alieno-me de sentir a tua presença.
És tão fútil!
As águas separadas são, afinal,
O rio que galgo.
É nele que agora desces.
O acampamento dos deuses
Chama por mim. Penso em ir.
Já não acendo cigarros,
Nem forma tenho de
Contemplar outro fumo
Que não aquele que
Brota do que escrevo.
É este o fumo que agora me vicia.


14

Desisto de ti, que não
Desista das coisas francas.
Ao menos, estas, não escondem
Aquilo que, efectivamente, são.
A ti entrego a espada
Com que sempre lutei
Nestas quezílias constantes e medíocres,
E me fizeram encolher
A sensibilidade que
Agora vomito com avidez.
Infelizmente para ti são
Estas palavras soltas,
Repito! Em sofreguidão.


15

Na floresta dos medos
Perdura ainda um.
Inabalável, presumo, que
Me penetra o espírito e,
Sinuosamente, na
Memória de uma vida.
Quero abolir este receio
De ter de te enfrentar outra vez.
Sorrio, acenando
Ao vento que leva
Tudo que a ti diz respeito e apaguei.
Risquei, a carvão,
O teu nome do meu caderno.


16

Estou confinado a mim e
Ao meu ideal concreto.
Ao saber fluente de uma
Literatura constante
Que em tempo recorde
Toma de assalto o meu ego.
Agora sim!
Liberto de ti,
Consigo discorrer sobre a vida,
Assimilar o sufoco de existir
Um pesadelo tão certo,
Como o foste,
No frenesim da minha existência!

24 de Janeiro de 2003

segunda-feira, março 09, 2009

Palavras Soltas

Chego à lareira e me aqueço.
Lá fora a chuva cai em sobressalto.
O vento grita. O frio congela as minhas lágrimas.
Que dor!
Aqui, junto do fogo, reflicto a minha vida.
Aquilo que fui. Aquilo que sou ou quero ser.
Regurgito esta essência e me condeno.
Nem imaginas o que me passa pela cabeça.
É um trânsito de contradições que se move cá dentro.
Tudo é complicado. Confuso. Pouco claro.
Penso em ti. Neste ou naquele momento.
Choro. Descrente.
Vislumbro, finalmente, esta mísera realidade.
Junto do fogo me aqueço.
Lá fora estarás também. Algures.
Acredito que, nem por um só instante,
Te lembrarás que ainda gosto de ti.


2002

domingo, março 08, 2009

Lobo

Choro ao uivares a clemência na noite.
Na fraga alta serves-te das estrelas.
A penumbra chama por ti, figura furtiva.
Nas águas do rio reflecte a lua que guardas por teu sonho.
Noite mítica que vives e choro;
Porque te perdes, lobo?
A floresta é tua e o Homem toma-a para si.
Choro a fúria de não te salvar.
Não sejas distante, cuida da serena paz;
Aclama, ser selvagem!
A natureza enfurece a tua existência.
Uiva que declamo para ti no frio e obscuro.
Revolve a fuga que o homem te persegue
Entre trilhos e penhascos, onde longas se tornam as noites.
Chegou a hora, de comigo, chorares a inexistente segurança.
Volta a rebolar na erva fresca perante o sol, e
Vive à luz a noite intemporal.
Partilho contigo este processo, este caminho.
A todo o tempo a tua voz ecoa e eu escuto;
Sob o luar como é belo o teu uivar.

5 de Julho de 2003

sábado, março 07, 2009

Sem Dinheiro

(dedicado ao homem teso)

A desgraça e a pobreza
Não há pão sobre a mesa,
E o dinheiro, então esgotado,
Deixa-me constantemente encurralado.
Será dúvida, será dívida,
Porque sofrer assim nesta vida?
Aprovação a todo o momento,
Não sei quem sou, mas que lamento.
Nem para a mínima coisa tenho dinheiro
Quanto mais para viajar pelo mundo inteiro.
Agora, aqui, neste lugar ermo,
Vou tentar por a esta vida um termo.

2 de Março de 2009

sexta-feira, março 06, 2009

O Corredor

Se soubesses que aqui estaria, virias na mesma?
Acredito que sim, mas ficavas no corredor,
Entre a sala e o quarto, onde
A espaços temporais, comsumíamos o nosso desejo.
Estou sentado naquela cadeira,
Num outro quarto qualquer da mesma casa.
A razão pela qual não te moves
Explica-se pela saudade que te assola.
Espero-te como da primeira vez.
Nada vale se não for vivido.
Porque não vivê-lo outra vez?
E outra. E mais outra.
Obviamente, podendo parecer ridículo,
Se ficares no corredor a espera será eterna.
Vem! Encontra-te em mim, novamente.
Outra vez. E outra. E mais outra.
Sei que sabes que estou aqui.
Sem medo, vem depressa.
Senta-te a meu lado, neste outro quarto, e vive!

1 de Março de 2009

quinta-feira, março 05, 2009

Serra da Lousã

Com as árvores e o vento,
Me sento num penedo.
A água no rio, fresca e cristalina,
Afoga o meu lamento.
Me liberto das raízes,
Não mais quero sufocar.
Apenas nas carumas e terra fina me deitar.
Respiro o teu ar!
Calor, sol em pleno brilhar.
Quero sentir a brisa passar
Por entre dedos e gritar!
Ouves o eco?
Por entre folhas e flores,
Aclamo ao teu raiar.

27 de Fevereiro de 2009

quarta-feira, março 04, 2009

Caminhada (entre putas e cabrões)


(dedicado àquele que não sou)

Por teres vivido aqui,
Entre putas e cabrões,
Te tornaste aquilo que não vi
E viveste uma vida de ilusões.
Tomaste para ti o todo da história,
Agonizei contigo na caminhada.
Retiraste as coisas boas da memória,
Foste embora, não quiseste mais nada.
O beco sem saída, tornou-se infinito.
Fumei ganzas para te esquecer.
Entre putas e cabrões, eu sinto,
Que terminou o caminho e quero morrer.

2 de Março de 2009

terça-feira, março 03, 2009

O Segredo

O segredo é trazeres contigo o amor e um livro, de poesia.
Pode ser?
Por favor, traz-me aqueles bombons que tanto gosto
e um cd dos Moonspell.
Agrada-me ouvir.
Espera!
Não quero nada.
Vem apenas tu.
Nua.

2 de Março de 2009

segunda-feira, março 02, 2009

Terra Amanhada

O último resquício de sono vamos dormí-lo aqui.
Nesta terra amanhada farei a nossa cama.
Se te lembrares trás contigo uma garrafa de vinho.
Com ela beberemos o nectar de uma noite lunar.
Repara que escolhi este pedaço de terra rural para te provar.
Disseram-me, em tempos, que já aqui dormiram pastores.
Mas hoje, a terra é nossa.
Nela vamos saborear o repasto do prazer.
Nesta terra amanhada; vinho, sossêgo,
Acordaremos, lado a lado, cheios de novas esperanças.

1 de Março de 2009

domingo, março 01, 2009

Palavras

Ouço palavras que, como música já gasta, me consomem o oxigénio da razão.

1 de Março de 2009

sábado, fevereiro 28, 2009

Tu Sentes

Posso para aqui divagar
Assumo, sem sentido.
Mas não consigo lamentar
Um dia ter-te conhecido!

A inspiração está a flutuar
Como espuma em água salgada.
Quero estar ao luar
Para te possuir, ó luz sagrada!

Vieste, aos poucos, me iluminar
No campo mais complicado.
Amor, será que sei amar?
É em ti que estou confrontado.

Só a certeza absoluta
Dentro da minha cabeça.
Sou vencedor desta disputa.
Nada há que a razão não esqueça.

E por falar em razão,
Que concilia o amor com prazer,
Inimiga do coração,
Ela é fria, nunca o pode aquecer.

Para trás, estou deixando
Os problemas existentes.
E, com fé, te amando
Eu sinto, tu sentes!

11 de Fevereiro de 1999

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

"Ser Poeta" de António MR Martins




No próximo dia 14 de Março vai ocorrer
o lançamento do livro "Ser Poeta"
da autoria de António MR Martins
com chancela da recente editora Temas Originais.

Aparece!

Houve um dia

Houve um dia em que tu
Trouxeste aquele sorriso,
Cheio de ilusões
E me prendeste em ti.
Que loucura a minha
Julgando sérios os teus apelos
Que acabariam sem causa.
Desejo? Paixão? Que foi?
Diz-me sem culpa, ternura,
Foi bom? Foi mau?

Houve um dia em que tu
Falaste ao meu ouvido.
Trouxeste a calma e o descontrolo;
Apascentaste a minha carência.
Disseste e fizeste;
Tocaste e provaste;
Beijaste e abraçaste.
Loucura...

Houve um dia em que tu,
De ideias fixas e concretas,
Me dizes acabou.
Interiormente choro.
Olho-te, mas tu não.
A chama desvanece,
O calor torna frio.
Tu partes. Para longe, é certo!
Onde jamais, algum dia,
Te poderei alcançar.

28 de Novembro de 2001

Costume

Tenho por costume sorrir.
Sorrir para ti, meu amor.
Nem sei se te adore, se te ame.
És incógnita em mim.
Tenho por costume dizer
Que te sinto, te venero
Sem saber, te digo, a verdade, é certo!
Tenho por costume chorar
Sempre que te minto, que te molesto.
Porquê a ti? Não mereces...
Será que este costume
Me irá trair de vez,
Acabar comigo e contigo?
Que costume tão cruel.
Prefiro, é certo, os dois primeiros.
Ao menos sorrio e não choro.
Ao menos digo e não minto.
Vou deixar de chorar, de mentir.
Que costume inútil!
Porque caio neste costume?
Estarei a enlouquecer?
Ou simplesmente, já não te amo, nem te adoro?

5 de Dezembro de 2001

terça-feira, fevereiro 24, 2009

Em circunstância

Estudo a tua forma
E a loucura em si filtrada.
Como te temo de manhã,
Envolta em cetim e sedas de outrora,
Onde mansamente descansei,
Ou fumei aquele tabaco.
Cartas tuas recebi.
Sem medo, guardei-as no baú onde ainda hoje te encontro.
Apenas e só nua, tais silhuetas venerei
E iluminei o meu caminho.
Vesti de azul por acreditar ser essa a tua cor
E na qual consegues concentrar
A luz intensa do astro desconhecido.
Amado. Odiado. O sol!
E a chuva que caiu?
Perguntavas tu.
É a mesma que me cura as maleitas da sede
E guardo num frasco de vidro opaco,
Comprado na distante dimensão da existência.
Costumo ler textos teus.
Editaste em livro que não comprei.
Pensei que mo oferecesses e assim foi.
Horas passam nas demais instâncias;
Espírito que soletra a minha razão e,
Me identifica de soslaio, por não confiar em ti.
Me desleixo e te deixo, entregue à desconhecida sorte,
Que nunca busquei e me encheu, agora.
O alimento que devoro sabe a ti, por ser parte tua,
Dando-me, a todo o momento, a lembrança do teu choro,
Convulso e complacente.
Em toda a terra lágrimas correram,
Desenhando rios de rara beleza e, agora, me banho.
Na procura do teu olhar,
Entretanto perdido, continuo a acalentar achar
A telepatia que insuspeito na tua mente.
Não é mentira que te ame!
Verdade não o será.
Já não escrevo para te sentir.
Apenas para sorrir e lembrar os retalhos do que vivo;
Imagens de sentido único e cores diversas,
Instrumentos próprios da minha orquestra e
Desta última composição que te dedico, em circunstância.

27 de Março de 2003

segunda-feira, fevereiro 23, 2009

Alheio a Ti

Alheio a ti
Discorro sobre a vida,
Sobre batalhas constantes
No âmago do meu ser.
Confrontos híbridos
Sem razão de existir,
Cujo significado inútil
Vagueia constante em mim.
Os traços do meu rosto
Já não são os mesmos.
Caminho, sinuosamente, para o fim
De uma vida de equívocos
Dos quais tu terás sido o maior.
Imagem inconsequente
Que invadiste a minha essência, e
Misturaste os verdadeiros
Olhares da minha inocência.
Agoniaste a minha alma.
De ti, nada mais quero;
E neste resto de vida, incerto,
Me alheio de ti e do teu mundo
Que de infeliz tem tudo, e 
Me abstracto.

22 de Janeiro de 2003

domingo, fevereiro 22, 2009

Tu

1

Cheira-me a sedução;
Daquela que lanças contra mim.
Justapões o teu olhar ao meu, e
Entregas a tua natureza
Ao meu humilde e sincero apelo.
Derramas palavras que ouço, e
Acusticamente, musicas o meu sentimento.
Que partitura tão bela, essa,
Que lês e me dedicas.
Pausadamente, acolho, vivo,
A beleza dos teus beijos, quais
Ósculos em constante loucura.
Pedes que te olhe transitando
Para mim o sentido amplo de saber amar.


2

Procuro, sem saber porquê,
A dimensão oculta da tua presença,
Alheio, em parte, ao sofisticado toque
Da ponta dos dedos me libertam de pensar.
Encontro, agora, o trilho certo
Que, demoradamente, quero percorrer
Esperando, lado a lado, caminhes também.
Acalenta a minha esperança, e
Premeia estes versos, que a ti se referem,
Soltando sorrisos inequívocos e ternuras tais,
Possessas de ti e daquelas manhãs,
Da aurora que revi e fotografei
Para te dar, apenas e só,
Descobrindo a forma sã de me apaixonar.


3

Entra devagar, no meu quarto
A ler poemas de Pessoa me encontro, mas
A mensagem que transmitem,
Não a quero sentir contigo.
Deixa-me ser duende; mansamente
Entrar na floresta dos teus sonhos
É intento a que me proponho.
Sentir o encantamento de estar perto, num
Pronuncio de amor constante em nós.
Na floresta, cores várias, traduzem
A vivacidade complacente dos olhares
Rasgados pela neblina de mais um dia que finda.
Queres ficar aqui? Contempla, em telepatia,
O meu pensamento e os demais.


4

Unidos, entretanto, agora
Credibilizo a tua razão.
Perco-me pensando, como são puros os teus gestos.
De tão finos que são, geram em mim
Profundas e desiguais sensações
Misturando sem fim o âmago do meu ser.
Que bom!
Até as pedras da calçada venero
Por, a tempos, teres pisado esse chão.
A chuva que cai do outro lado,
Não dissolve a minha escrita, que
Atempadamente, transmite o querer
E faz discorrer o meu eu
Na constante procura de ti mesma.


5

Não chores certezas vãs, que
Chegou a hora de te amar.
Apoia a tua fraqueza na minha imensidão,
E abre portas, sem lamentos,
Ao perfume suave da minha pele.
Crê no meu chamamento, e
Guardo a dádiva da tua presença,
Preconizando, a todo o tempo e espaço,
O dinamismo de acreditar
Nas estrelas cristalinas,
Definindo conceitos de transparência
No Universo que é amor, onde
As verdades mais simples
Guardo para mim e canto para a Lua!

Fevereiro de 2003

A Cantora

Procurei na minha lente a voz da cantora.
Nos seus gestos e sorrisos, o seu dom...
Em sensibilidade, tento despir a sua alma,
Instantâneo breve da sua essência, em cor.
Nesta escrita com luz, revelo o seu ser.

Dedicado a Daniela Mercury
28 de Julho de 2006

terça-feira, fevereiro 17, 2009

Fotografia

A imagem ficou retida
Na película da eternidade.
Disparei ao tentar agarrar o infinito.
Sei que se estiveres no enquadramento,
Serás minha em lembrança de papel.
No foco tornei claro o teu rosto,
No diafragma regulei a tua luz.
Perdi sensibilidades para te poder dar recorte, e
Orientei as linhas para te percorrer.
Escolhi esta fotografia!
De olhar para ela vi magia,
Sossego, calma, traduz sem fim,
A invertida imagem da tua alma.
Olha bem para esta fotografia.
É tua, minha e de mais ninguém.

17 de Fevereiro de 2009

segunda-feira, fevereiro 16, 2009

Porquê?

Porquê?
Porque me deixas assim,
Entregue ao infortúnio da tua decisão?
Se soubesses o que tenho passado,
Virias rápido ao meu encontro.
Só me emerge ao pensamento
O tempo bom de nossas vidas.
Como me surpreende esta tua indecisão!
Da estabilidade ao abismo,
Perdoa-me a minha franqueza;
Parece que brincas com o nosso amor, a nossa certeza.

Porquê?
Porque me deixas assim,
Desarmado de todas as alegrias?
Penso que sou aquilo que não era, e vice-versa.
Ai, porque não me deixas dormir.
Afogar os meus problemas no álcool da minha cama.
O aperto que sinto é tanto que me soa a novidade.
Nunca senti esta ânsia, esta azia, esta adrenalina.
Agora o confuso sou eu, e
Mesmo quando me ligas a perguntar como e onde estou,
Sou envolto num turbilhão de incertezas.

Porquê?
Porque me deixas assim,
Incapaz de resolver o que seja?
Como queria relativizar as coisas, meu amor.
Nisto dos sentimentos sou mais frágil que cristal.
Ajuda-me! Vem depressa, não me deixes continuar mal.
E se a tua indecisão for outra,
Sairei amargurado pelo tempo. Por tanto te ter amado, que não me arrependo,
Mas pelo que sinto e nunca senti.
Amor, sincero, juro por mim!
Continuo, por enquanto, à tua espera. Aqui!

16 de Fevereiro de 2009

sábado, fevereiro 14, 2009

Pedaços da Minha Existência

Aqui estão os pedaços.
Pedaços da minha existência
Junto-os para te entregar.
Mistura o teu tempo para me leres.
Porém, se achares melhor,
Coloca-os na tua mesa-de-cabeceira.
Assim serão companhia eterna dos teus sonhos.
Aqui estão os pedaços.
Redigi para alienar coisas minhas.
Se quiseres podes tomá-las, agora, tuas
E percorrê-las como pautas de música.
São estes os pedaços
De uma vivência, de uma liberdade.
Quero que tomes conhecimento
De como foi bonito viver assim.
Se assim for tua vontade,
Obedece aos desígnios de uma maturidade atingida.
Estes pedaços são apenas meus.
Ao ler, podes rasgá-los em seguida.
Peço-te apenas que te lembres de mim,
Te lembres do meu nome.
Até existir, estes pedaços
Serão meu espelho.
Aqui estão os pedaços.
Lê! São para ti.
Pedaços da minha existência.

14 de Fevereiro de 2009

quarta-feira, fevereiro 04, 2009

Momento ou momento contínuo

Busco a serenidade
De um momento contínuo.
Se, de repente, virar a esquina
Procuro-te, igualmente, em mim.
Virei várias esquinas para te ter
E de ti, anseio a presença.
Na minha vida te concedo um pedaço
Importante a todo o momento.
Se continuar por estas ruas,
viverei, é certo, mais momentos,
de sensações várias e cores poéticas.
Quero virar cada esquina como experimentar
Novas coisas em ti...em nós.
Não! Rotinas, não!
Quero a mudança...
Uma mudança na continuação.
Entendes?
Espero que me compreendas.
Contigo quero viver momentos contínuos,
De paz, de um espírito embuído na constante e sã loucura.
Este momento e os demais
Serão sempre a esperança de dias felizes.
Queres viver estes momentos?
Este momento ou momento contínuo.
Tão bom...

4 de Fevereiro de 2009

quinta-feira, janeiro 22, 2009

Significância

Sempre que sentires a falta de um carinho, pensa em mim,
que do pensamento virei na ânsia de te abraçar
e tomar como um todo a tua significância.

22 de Janeiro de 2009

quarta-feira, janeiro 07, 2009

Aquela tua sabedoria

Sou de saber aquela história
Mas, sem mais, pendurei toda a sabedoria no auge da minha glória.
Veio outro ser, tentando ensinar-me algo.
Recusei. Vi no conhecimento toda a minha vida.
Só saberei mais uma história,
Se me conseguires contar. Cheia de coisas novas, vindas não sei de onde.
A tua sabedoria apaixona-me. Sei que dela subsiste a minha inteligência.
Quero mais!
Ensina-me a rir novamente. Não como me riu agora. Prefiro como antes.
Quando o sol me aquecia nas manhãs frias. Como fogueiras em noite de festa.
Ensina-me a chorar novamente. Não consigo fazer as lágrimas cair. Como é?
A tua sabedoria deve sabê-lo...ensina-me novamente, tudo.
Senta-te na berma deste meu sofá e lê mais um livro.
Bem sei que é nos livros que vais buscar a tua sabedoria.
Por favor! Ensina-me o mais que puderes. Estou sedento de coisas novas.
Mesmo aquilo que já sei podes ensiná-lo, pois de ti tudo o que virá sabe bem.
Quero ouvir essas sábias palavras. Diz-me coisas. Canta músicas, se quiseres.
Tudo o que sai dessa boca é sagrado. Beija-me!
Como te disse, sou de saber aquela história.
Vem depressa...conta-me lá, outra vez!

Belas, 7 de Janeiro de 2009