Vivo num mundo
Dedilhado pelos dedos de um ser
Trazido pelas auroras frias de mais um dia.
Esses dias passam pela minha pele
E a envelhecem naturalmente.
Sorrio por estar vivo
E respiro o ar perfumado que me rodeia.
Sou assim,
Preso nestas coisas simples da vida
Como beber um copo de água na varanda do terraço
E suspirar por me lembrar do amor.
Lembrei-me, igualmente, que sou poeta.
Conjugo palavras como croché,
Numa harmoniosa manta de retalhos diversos,
Cujas lembranças fiz questão de guardar.
Trinta anos.
São estes os anos que já vivi.
Lembro-me que ainda ontem
Realizei sonhos de infância
E tornei-me obstinado na adolescência.
São já trinta.
Junto-os como quem junta grãos de arroz.
Encontro-me entre o homem e o miúdo,
Num beco de sensações várias,
Onde me olho e recordo
Como é ser eu, assim, despido de mim.
4 de Junho de 2009