No rectângulo onde me encontro existe um sofá.
Nele me sento quando quero ler um livro.
Um dia destes olhava, perdido,
Para as lombadas dos meus livros,
Que se encontram numa estante a meio da sala.
Esperava que a poesia ali contida
Fosse fuga para uma intimidade comigo,
Mas não consegui evadir-me.
Continuo, ainda hoje, preso à dor
De algo perdido no tempo e no espaço,
Que ainda não sei muito bem o que é.
Pelo menos tenho este rectângulo,
Sala aberta e ampla, onde posso gritar.
Falar às paredes os meus medos
E partir o sofrimento num livro.
É o que mais anseio.
Quero mesmo fugir. Escapar nas letras.
Voar entre as palavras
E a doutrina poética de um escritor qualquer.
Definitivamente, nem ontem, nem hoje,
Me consigo evadir.
14 de Junho de 2009