terça-feira, fevereiro 15, 2011

noite triste e húmida

nada te digo que não seja verdade. quero que saibas que tenho frio. tu bem sabes que é difícil ter frio mas estou deitado, sozinho, abandonado nesta insónia. o barulho da chuva prende-te no meu pensamento. confunde-me a tua ausência física e a metamorfose a que te constantemente te confinas. é tarde em Macau e, de soslaio, a hora que passa não me deixa dormir. estás em mim como estas gotas que tilintam nos telhados e ali ficam, perdidas no algeroz deste prédio velho onde moro. a cidade apresenta-se despida, sem nada que a mantenha de pé. triste, negra, molhada. Inibida de nós, subtraída dos demais. é tarde, muito tarde, em Macau. neste cantinho vesti-me de duende e escolhi o sono que teima em chegar a esta floresta húmida e fria. prendes-me! fico tão agarrado a mim que não consigo escorrer-me por dentro. que a chuva me limpe, enfim, sem te levar não muito longe. quero apenas dormir. até amanhã

Macau, 14 de Fevereiro de 2011

segunda-feira, fevereiro 14, 2011

o frio nos teus seios

lembrei-me da tua cara e desse olhar desconfiado. rasga a tua vergonha como eu rasguei um dia a tua camisola. notei logo a volúpia do teu peito. tens facilidade em ficar com os mamilos tesos nesses teus seios redondos e firmes. foram desenhados a preceito, te garanto. agora me lembro de como gosto desses mamilos rijos onde me degustei por vezes sem conta. manda-me uma fotografia. quero vê-los novamente. por agora só me perco neles à distância

Macau, 14 de Fevereiro de 2011

terça-feira, fevereiro 01, 2011

sóbrio

estou sóbrio.
já não bebo há dois minutos.
as minhas veias revoltam-se
pela falta que lhes faz o teu licor.
desse destilado sou um dependente eterno.
afinal prefiro ficar bêbado,
arrastando o pensamento nesta escrita
que pede mais de ti e
do teu líquido mágico.
ainda não descobri o porquê,
mas o álcool que me dás inebria-me
a existência neste papel onde escrevi,
vezes sem conta,
um poema gasto e volátil.
Ai como sinto o sangue a fervilhar
na loucura desta bebedeira,
e mais outra.
rasurei...

31 de Janeiro de 2011