Entro nesta sala, vazia é certo.
Onde um dia eu e o meu pai
Trocávamos olhares de pai para filho,
De homem para homem,
Desabafo por desabafo,
Riso por riso,
Choro por choro.
Mas certamente onde os nossos âmagos se colidiam.
Entro nesta sala, agora vazia,
Onde outrora, harmoniosamente,
Eu e meu pai ouvíamos o som da vida,
A melodia de todos os sentidos.
E neste momento tenho a certeza de continuar vivo...
Ele também, onde quer que esteja,
E se lembrará de mim,
De nós e da nossa sala, agora vazia.
Chego à janela e fixo o horizonte;
Uma lágrima escorrega e sinto a sua presença.
Afinal estarás sempre aqui a olhar por mim.
Irei sentir a tua mão protectora
Até ao jubiloso dia que te voltarei a ver.
Quem sabe para conversar, rir, chorar, desabafar...
Na nossa sala.
Adeus pai, até já!
20 de Janeiro de 2003 (poema revisto em 2008)