terça-feira, maio 07, 2024

Língua portuguesa

Na vereda de Camões, ressoa a tradição,

Cada vocábulo uma relíquia, um panteão.

Complexa na gramática, sublime na sua arte,

A língua portuguesa, erudita, se aparte.

 

Nos labirintos da sintaxe, a história se inscreve,

Tempo e modos se entrelaçam, onde o espírito concebe.

Sábia na sua essência, desafiadora no seu ser,

A voz de um povo antigo, a lutar por entender.

 

Eis o português, sinfonia de eras concatenadas,

Nas suas sílabas, ecos de epopeias celebradas.

Neste idioma se confundem mitos e verdades,

Uma tessitura de léxicos, morada de saudades.

 

É a voz, com timbre de marejar,

Cada termo um peso, um legado a honrar.

Intrincada no seu imo, complexa por devoção,

Nos meandros gramaticais, descobre-se uma nação.

 

Que fale o poeta, que escreva o letrado,

Pessoa, Sophia ou Ary, cada verso é sagrado.

E na sua complexidade, uma beleza sem igual,

Português, uma língua universal.

 

Macau, 5 de Maio de 2024 - Dia mundial da língua portuguesa

terça-feira, março 21, 2023

O retrato

Para comemorar o Dia Mundial da Poesia, um inédito


De fotografia e da escrita sou. Preenchido,
feito da melancolia dos dias e do fulgor com que me iluminas. Esclareces e adornas.

Escolhi salvar-me contigo, com as imagens e com os livros,
como um duende que procura a magia numa qualquer floresta densa, negra. Breu.

Desta poesia que por aqui deixo, outros há que nada legam, nem de viés,
apenas palavras mofas, inócuas, cheias de um nada confrangedor. Escarnecem, e me aparto…

Agarra-te a mim e compõe o teu estro, envolve, prolifera. Deixo apenas um retrato. Da tua face, à tona.
São apenas situações do amor…

Macau, 2023

quinta-feira, maio 12, 2022

Herbarium



These are the flowers I picked for you. One I picked when you were born, another when you died. Between them they follow many years of life with many flowers, none of them placed in a herbarium. I punctuated the beginning and end with the simplest nature I could find.

People often ask why I only picked two flowers. You never questioned that, that's for sure. I don't regret not picking more flowers. Simply, with you, I contemplated them in nature, without picking them up, without taking away their life. These two small flowers, now dried and pressed with time, mark your existence, the unique moments in which we live thrown, one to the other, to the whim of the wind.

These flowers are simply the culmination of the path taken. A path that is not always flowery, but full of enough botany that it could become an immense herbarium of scents and colors. Our life, in the firmament.

I still like to walk in the garden to smell the scent of flowers...



terça-feira, outubro 31, 2017

Homenagem a Camilo Pessanha

No ano em que se comemoram 150 anos do nascimento de Camilo Pessanha, a editora Temas Originais reuniu alguns autores para homenagear o poeta português, expoente máximo do simbolismo em língua portuguesa.




terça-feira, maio 10, 2016

quarta-feira, março 30, 2016

fusão

ainda te vi, pela casa do mandarim. vestias aquele vestido de seda, macio, que tanto gosto. por salas orientais, beijei-te sem fim. ali, inscrevemos nas paredes um amor único, louco. eram ruas e espaços poéticos, onde tu, minha eterna concubina, entretiveste o tempo.

Macau, 30 de Março de 2016

quarta-feira, outubro 29, 2014

Uma colaboração

O fotojornalista e amigo Paulo Cordeiro pediu-me para escrever poesia para esta foto e foi o que fiz. O resultado final é este...


terça-feira, janeiro 28, 2014

Crítica ao meu livro "Etéreo"

Uma crítica ao meu livro "Etéreo" feita pelo escritor Prates Miguel na edição de Dezembro de 2013 da revista da AICAL (Associação de Investigação e Cultura dos Açores/Leiria).

segunda-feira, março 18, 2013

Poetas & Amigos na Fundação Rui Cunha



O Dia Mundial da Poesia vai ser assinalado na Galeria da Fundação Rui Cunha, na próxima quinta-feira dia 21 de Março, pelas 18h30.
Estarão presentes com a sua poesia os poetas locais António Mil-Homens, Carlos Frota, Carlos Morais José, Debby Sou Vai Keng, Fernando Sales Lopes, Gonçalo Lobo Pinheiro, Han Lili, James Li, Kite Kelen, Manuel Afonso Costa, Manuel Pinho, Tereza Sena e Yao Feng. Este encontro em que todos são bem-vindos contará, ainda, com a colaboração de João Pedro Costa na leitura de poemas, do Grupo Ad-Hoc, (Daê Enedino, Erica Ramos, Alexandra Ferreira e Adriano Gaspar, encenados por Laura Nyogéri e José Nyogéri), e dos músicos Ana Filipa Neves Ferreira no piano, Li Xin Yang e Hu Xiao Yu, no Erhu, e Zhang Yu Rui, e Cheng Xian, no Guzheng.
Sob o lema “É Primavera. Que a água alimente a árvore do poema!” a Fundação Rui Cunha convida todos os amantes da poesia a estarem presente neste convívio.



Galeria da Fundação Rui Cunha
Horário: Segunda a Sexta-feira das 10.00 às 19.00. Sábados das 15.00 às 19.00. Fecha aos Domingos.
Local: Avenida da Praia Grande, nº 749, r/c, Macau
Entrada gratuita

Fundação Rui Cunha
Telf: ( 853) 28923288
E-mail: galeria@fundacao-rc.org

Estes foram os primeiros poemas que te escrevi...

Longínquo


Cada dia que passa penitencio na minha pele a nossa distância.
Nela escrevo as palavras que, por vezes, ficam por dizer.
Às vezes, existe um fogo que consome as palavras longínquas e me revigora o viver.

18 de Julho de 2010

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Mensagem

Se souberes como me chamar, chama.
Podes sempre chamar-me.
Diz o meu nome ao sol nascente
E soletra cada letra que o compõe.
Podes, também, escrevê-lo nas paredes da tua rua.
Ao passares lembras a minha existência noutro lugar que não o teu.
Envia-me a mensagem que estás aí,
Que eu te ouço ao longe, na passagem do tempo,
Onde a distância nos devolve um ao outro virtualmente.

31 de Julho de 2010


Para ti, Vanessa

domingo, março 17, 2013

Perdi

Assumo: hoje sou um perdedor. Um perdedor como nunca o fui. Perdi tudo. Perdi o teu sorriso. Perdi o teu cheiro. Perdi o teu sabor. Saí derrotado por culpa própria, num jogo em que me anulei várias vezes. Enfim, perdi. Ganhei a solidão...

Macau, 17 de Março de 2013

terça-feira, novembro 20, 2012

Apeteces-me

Apeteces-me desde sempre, desde a altura em que te descobri.
Apeteces-me como mulher, como pessoa, como amiga, como amante.
Apeteces-me numa simples conversa, num simples sorriso, num acto sexual.
Apeteces-me quando me contas as tuas novidades, mas também me apeteces quando me lembro dos teus bicos enormes e tesos nesses perfeitos seios.
Apeteces-me quando me falas do teu dia, do que se passou no trabalho ou dos teus problemas, mas também me apeteces quando me lembro da última vez que estive contigo.
Apeteces-me vestida e apeteces-me despida.
Apeteces-me com a tua inteligência mas também com a tua safadeza.
Apeteces-me quando me falas da tua vida e também quando me dizes "só me apetece é foder contigo".

Macau, 20 de Novembro de 2012

quinta-feira, julho 05, 2012

A dança

Dançaria contigo a noite inteira...e os dias, as horas, os minutos. Nós dois, juntos, num só corpo, entre beijos e carícias, entrelaçados na dança do eterno

Macau, 6 de Julho de 2012

quarta-feira, julho 04, 2012

Sós

Não me canso de pensar no teu rosto, na tua pele e no ínfimo dos seus poros. Não me canso de imaginar mil e um sorrisos, e o teu olhar límpido, provido de ternura. Ai, se soubesses como desejo essa boca. Ficaria horas a contemplá-la com os dedos, em desenhos, pela noite fora. Anseio o toque e o beijo. Não consigo, nem quero, ter mão em mim. Não quero parar. É mais forte do que eu, a libido e a vontade de possuir esse teu corpo feminino, belo, perfeito, quase intocável. Ao existires, sou mais homem e sobrevivo à saudade. É verdade, basta sorrires. Tão fácil, amor. Consigo, por instantes, ter-te aqui e abraçar-te. Podiamos dançar a noite inteira, não achas? Entrelaçados ao som da vida. Gritar, fugir, viver, os dois, sós, lado a lado. Tão bom!

Macau, 4 de Julho de 2012

segunda-feira, julho 02, 2012

Onde nasce o coração sempre me lembro do teu sorriso

Ontem dei por mim a pensar no Universo. Na imensidão que nos rodeia e, por vezes, cai em cima de mim quando estou só. Também cai em cima de ti? Tu sabes do que falo quando quebro o meu silêncio na tua ausência. Sinto-me espremido, tolhido. É nessas alturas que descrevo o teu corpo nu com as palavras e penso como também o poderia desenhar num papel branco. Lembro-me logo dos teus seios perfeitos, mas também da tua pele salgada com o mar. Sabes, penetram em mim enquanto adormeço e espero por ti. Quando chegares senta-te ao meu colo e afoga a saudade, neste poço onde nasce o coração sempre me lembro do teu sorriso. És mesmo feita de poesia, amor. Consigo ler-te palavras no corpo lançado à sombra, agora que estás distante e te envoco.

Macau, 2 de Julho de 2012

sexta-feira, junho 29, 2012

Solidão e saudade

Abro a janela do quarto. Olho para a cama e não estás. Baixo a cabeça. Como me sinto despido estes dias. Enfraquecido, caem-me em cima a solidão e a saudade. Todas as noites abraço o silêncio e a tua ausência mata-me devagar. Volta! Impede que a minha alma se quebre no chão deste quarto como vidro. Só me apetece o sabor da tua boca e o cheiro do teu corpo, mas o tempo teima em não passar...

Macau, 29 de Junho de 2012

terça-feira, março 20, 2012

A voz

Ouve, tombada, a minha voz. Canto a poesia que escrevi enquanto vivias tolhida pelo tempo. Mirrada, quase seca, que nem te lembraste que eu sorria sozinho na terra da solidão.

Macau, 20 de Março de 2012

quarta-feira, outubro 26, 2011

Perto do lago Nam Van...

o caminho para o coração, perdido, encurtou-se em demasia. perco a fala enquanto me morreram os sentimentos e a loucura. mordi os lábios e quebrei recordações. temi. é uma tristeza que me assiste enquanto perco forças nas pernas ao fugir. faltou-me apenas gritar rente à memória e traduzir o gesto desenfreado que me dirigiste.

Macau, 26 de Outubro de 2011

terça-feira, outubro 25, 2011

a queda

vi a tua imagem no horizonte. fui feliz. abri o destino, naquela praia, enquanto me caíram os braços e as pernas, enfraquecidos. interrompeste o momento e arrumaste o meu corpo. só isso. na memória não mais passou, antecipado, o teu corpo nú. esqueci-o. foste o abrigo que abracei e foste silêncio. caí e voltei a cair. perdi a razão no mundo que te pertence.

Macau, 24 de Outubro de 2011

segunda-feira, outubro 24, 2011

Fel

Este é o último poema que escrevo.
Escrevi tantos que me sinto inútil neste amor.
Com o passar do tempo provei o fel da tua distância.
Chorei a tua ausência fechado num quarto vazio,
onde só o som do silêncio eu conseguia ouvir.
As paredes pareciam querer cair em cima de mim.
Enterraram-me a alma, vazia, no chão daquele quarto.

Macau, 24 de Outubro de 2011