As horas passaram sem te ver. Foram manhãs, tardes e noites sem o sabor da tua boca nem o rasgo ténue do teu sorriso que, de soslaio, me alimentou o silêncio das horas vazias na plenitude da lembrança.
Estou morto. Moribundo neste sonho onde a noite me matou aos poucos. Pedi para me enterrares mas tu fugiste. Agora percebi que só eu me posso enterrar. Deixo-me levar pela penumbra. Nela procuro a sombra para me esconder. Hoje preciso ser recluso. Com a tua permissão, amanhã viverei outra vez.